Ele caminha com ar de sujeito simpático, cumprimenta amigos e desconhecidos, brinca, dá risada e, com eloquência de alguém que sabe o que está dizendo, faz qualquer um ficar interessado quando começa a falar. Sentado em uma sala no Departamento de Futebol do Metropolitano, na Itoupava Central, em Blumenau, bate papo com uma funcionária do clube antes de começar a entrevista. Prefere conversar ali mesmo, em uma mesa livre, para aproveitar o ar-condicionado ligado na tarde quente do verão blumenauense.

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Ele já era campeão do mundo pelo Grêmio e colecionava títulos quando este repórter não estava nem perto de nascer. Aos 68 anos, com mais de 40 dedicados ao futebol, Valdir Espinosa tem um currículo extenso, muita história para contar e simpatia de sobra. Em Blumenau desde 4 de janeiro como treinador do Metropolitano, Espinosa largou a aposentadoria para trabalhar por aqui. Gaúcho nascido em Porto Alegre, mas morador do Rio de Janeiro por muitos anos, veio com a esposa Graça para o Vale do Itajaí e leva uma vida tranquila entre os jogos e treinos do Metropolitano.

– Aqui em Blumenau é uma surpresa a cada minuto. Comigo não tem frescura. O lugar onde almoço é uma padaria pequena na esquina de casa. Primeiro dia que fui lá já cheguei brincando com todo mundo, ninguém me reconheceu. Alguns dias depois o marido da dona me reconheceu, conversou comigo, marcou um churrasco e eu fui. Conheci a família toda, a maioria gremista, foi fantástico. E aqui eu sinto esse carinho das pessoas. Já me convidaram para festa de aniversário, me colocaram no grupo do condomínio no WhatsApp, é uma relação muito boa – conta o ilustre morador do bairro Vila Nova.

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Na padaria onde vai almoçar com a esposa, Espinosa cumprimenta todos e vai de prato simples: arroz, feijão, carne e um copo de caldo de cana. Gosta também de ir à Vila Germânica, onde conheceu a Sommerfest e ficou curioso para a Oktoberfest. Diz que adorou Blumenau e já aguarda a visita dos três filhos e dois netos.

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– Podem achar que sou louco, mas cumprimento todo mundo na rua. O cara pode nem me reconhecer, mas dou bom dia. E quando me reconhecem a minha alegria é enorme. Não tem coisa melhor que ser elogiado, que ser abordado por alguém que te conhece.

Vontade de colocar o título do Catarinense no currículo

A imagem de gente boa é comprovada por quem convive com Espinosa. Jogadores e funcionários do Metrô destacam o carisma do treinador e a experiência do comandante que já treinou mais de 20 clubes entre Brasil, Paraguai, Japão e Arábia Saudita. E tem como ponto alto da carreira os títulos da Libertadores e o Mundial de 1983 com o Grêmio. Com o Verdão até agora contabiliza uma vitória, um empate e uma derrota, com um time em formação que sonha em brigar pelo título do Catarinense – competição que ainda não tem no currículo.

– Santa Catarina cresceu muito no futebol de uns anos para cá. Ano passado tinha mais times que Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro na elite, e isso não é por acaso. Agora estou vivendo em Santa Catarina, tendo uma visão do que é de verdade, sei que brigar pelo título não é só direito do time grande. Podemos sonhar, sim, mas não só sonhar. Tem que saber como trabalhar para chegar lá.