Um dia após admitir que não há sentido em investir muito dinheiro na construção de um estádio de futebol para apenas um evento, o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, foi recebido em Cuiabá (MT) com protesto de professores e funcionários dos Correios em greve. A Arena Pantanal, erguida a um custo que deve roçar os R$ 560 milhões, é uma das arenas que correm risco de se tornar elefante branco após o Mundial.
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O futuro do estádio da capital mato-grossense depois dos jogos da competição – assim como a utilização da Arena da Amazônia – ainda é uma incógnita. A equação que justifica a construção de um estádio com capacidade para mais de 40 mil torcedores em cidades com pouca tradição no futebol não fecha. Autoridades dos dois Estados afirmam que a gestão das arenas será feita por meio de concessão. O modelo desse acordo com a iniciativa privada, entretanto, ainda não foi definido em nenhum dos casos.
– Até a Copa, o governo estadual opera. Acho que vou lançar a licitação em janeiro e fevereiro do ano que vem. Podemos ter a empresa pagando a concessão e explorando durante o período ou em um modelo onde seremos remunerados com parte do lucro do produto a ser explorado – explica o secretario da Copa do Mato Grosso, Maurício Souza Guimarães.
Guimarães revela que o processo de concessão está na fase de conclusão dos editais para contratação da empresa. Ele afirma que há três grupos interessados em operar o estádio – dois teriam formalizado a intenção. O acerto, entretanto, não tem data para ocorrer.
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Em Manaus, a situação é semelhante. Com um custo de R$ 518 milhões, o palco do Mundial na floresta ainda não tem uma definição sobre sua gestão pós-Copa. O governo estadual espera concluir um estudo até o final de janeiro de 2014 para tomar uma decisão.
– Ou fazemos uma parceria público-privada (PPP) e colocamos em licitação, ou contratamos alguém para operar a arena, pagando por esse trabalho, ou fazemos a licitação para uma operação particular assistida – avalia o coordenador local para a Copa, Miguel Capobiango Neto.
A administração estatal seria uma última (e indesejada) hipótese. O prazo para definição da operação é o final de 2014.
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Na visita de Valcke e do ministro do esporte, Aldo Rebelo, à Cuiabá, os manifestantes invadiram o estádio em obras e picharam a parte interna com os dizeres: “Copa pra quê” e “- Copa + Educação”. Entre outras palavras de ordem, o grupo gritava “Essa Copa é um assalto”.
Dois estádios, duas dúvidas
Arena Amazônia
R$ 518 milhões
85% concluída
44,5 mil torcedores
Média de público do Campeonato Amazonense (2013): 807
Operação pós-Copa: concessão, em formato indefinido
Arena Pantanal
R$ 519,4 milhões
85% concluída
43 mil torcedores
Média de público do Campeonato Mato-grossense (2013): 605
Operação pós-Copa: concessão, em formato indefinido