O Brasil teve sete anos para erguer seus estádios e vai organizar, daqui um mês, a Copa mais cara da história. Mas a Fifa não está totalmente satisfeita. Em uma entrevista publicada nesta quinta-feira no jornal suíço Le Matin, o secretário-geral da entidade, Jérôme Valcke, estima que as arenas brasileiras para a competição não atendem todos os desejos da Fifa.

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– Nós não temos o nível de compreensão de infraestrutura que desejávamos (nos estádios) -, disse Valcke.

Ainda assim, ele garante que tudo estará instalado para que a Copa possa ocorrer a partir do dia 12 de junho.

Para o Mundial, o Brasil investiu mais de R$ 8 bilhões na reforma e construção de estádios, valor que é equivalente à soma do que foi gasto por Alemanha, em 2006, e África do Sul, em 2010, para preparar suas arenas para receber as duas últimas edições do Mundial.

Há dois dias, em evento em Lausanne, na Suíça, Valcke chegou a dizer que viveu um “inferno” no trabalho de preparação para a realização da Copa de 2014. Ele ainda admitiu que a Fifa teve de reduzir suas exigências para os estádios no Brasil.

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Nesta quinta-feira, Valcke também reconheceu que algumas obras nas sedes brasileiras não estarão concluídas para a Copa.

– Nas cidades, algumas infraestruturas não estarão terminadas. Certamente haverá obras em curso (durante a Copa) -, disse o dirigente, que insistiu, porém, que essas obras não têm uma relação direta com o Mundial.

Na entrevista, ele comentou ainda sobre a possibilidade de novas manifestações de rua durante a Copa, assim como aconteceu no ano passado na Copa das Confederações. “Acho que teremos protestos”, avaliou Valcke, que, no entanto, fez uma ressalva:

– As forças de polícia estão preparadas para administrar esses movimentos de maneira mais adaptada.

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Questionado se entendia o motivo dos protestos, o dirigente da Fifa garantiu que sim.

– Eu entendo perfeitamente o que não funciona no Brasil, que, apesar de ser um país muito rico, é um país em desenvolvimento. Não podemos nos esquecer disso – apontou.

Mas ele rejeitou a tese de que os protestos sejam contra a Fifa. Segundo Valcke, é errado fazer a ligação entre os gastos públicos com a Copa e o que poderia ser investido em outros setores.

– Eles (manifestantes) se manifestam contra a corrupção, contra a decisão de aumentar o preço do ônibus, pela saúde e pela educação – lembrou o dirigente francês.