Quando o cronômetro marcava 15 minutos do segundo tempo, muitos já baixavam a cabeça. A Holanda abria seis gols de vantagem contra o Brasil e colocava em xeque a possibilidade da Seleção verde e amarela avançar às semifinais e, como consequência, conquistar a inédita medalha olímpica do handebol feminino. Foi uma manhã em que tudo deu errado: contra-ataques desperdiçados, falhas no passe, exclusões desnecessárias e tiros de sete metros perdidos. Erros que, aliados à eficiência ofensiva holandesa nos gols, foram os ingredientes para a segunda derrota e a queda das meninas na Olimpíada do Rio de Janeiro.

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Por aqui, a torcida era maior e um pouco mais apimentada. Com Eduarda Amorim, a Duda – eleita a melhor jogadora do mundo em 2014 -, como o grande nome de uma equipe que há menos de três anos conquistou o Mundial da modalidade, despertou-se a esperança de que uma atleta blumenauense pudesse, 20 anos após Ana Moser no vôlei (em Atlanta-1996), conquistar uma medalha nos Jogos Olímpicos. Não foi o que aconteceu. A lamentação, para a armadora da Seleção Brasileira, vai levar um bom tempo para sair da cabeça.

– Foi uma derrota chocante, mas não por falta de grupo ou união, já que nós abdicamos de muita coisa para estar na Olimpíada. Vai demorar alguns anos para esfriar a cabeça – disse Duda, por telefone.

No esporte, a vida é feita de vitórias e derrotas – eventualmente empates -, mas não foi o caso dessa vez. No próprio dia do revés para a Holanda, as jogadoras saíram para se divertir e tentar esquecer, pelo menos por uns instantes, o que se passou nos 60 minutos de jogo daquela manhã de terça-feira. Um pouco mais calma, Duda tentou explicar os porquês da eliminação no Rio:

– Faltou um pouquinho de todo mundo, faltou jogo coletivo, faltou confiança. Tudo isso combinou com o fato de as holandesas estarem em um ótimo dia.

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Com a família, Duda permanece no Rio de Janeiro até amanhã, quando retorna para Blumenau. A passagem pela cidade natal será relâmpago, apenas para arrumar as malas e voltar para a Europa. A viagem para a Hungria está marcada para sábado. Por isso, a jogadora nem sequer participará da cerimônia de encerramento dos Jogos Olímpicos, que ocorrerá no domingo. Isso porque a temporada por lá já começou e a blumenauense precisa se apresentar às colegas do Györ, clube húngaro que ela defende.

Um novo ciclo se inicia e o ano continua, mas para Duda, 2016 ainda vai demorar para terminar. Em especial aquela manhã de 16 de agosto.