A vacina contra o vírus HPV é fundamental para a prevenção do câncer do colo do útero e deve ser tomada por todas as meninas entre nove e 13 anos. Apesar da importância da imunização – estima-se 500 novos casos do câncer neste ano em SC e 16 mil no país – a procura pela vacina ainda é baixa no Estado. Nos primeiros quatro meses deste ano, foram quase 13 mil doses aplicadas, contabilizando as duas doses recomendadas. Porém a meta é que pelo menos 46,9 mil meninas de nove anos sejam imunizadas neste ano, sem contar as de 10 e 13 anos que ainda não se vacinaram nas campanhas anteriores.
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O professor da área de ginecologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Edison Natal Fedrizzi é chefe do Centro de Pesquisa Clínica Projeto HPV do Hospital Universitário, que existe há 13 anos e foi um dos centros que avaliaram a eficácia da vacina. O especialista aponta alguns fatores que levam à baixa cobertura vacinal: faixa etária com resistência natural à medicação injetável, dependência de responsáveis para levar ao posto de saúde e desconfiança depois de relatos de efeitos colaterais são alguns dos itens apontados por Fedrizzi.
Sete coisas que você precisa saber sobre HPV
Eficiência só é atingida após as duas doses
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Além disso, Fedrizzi destaca que apesar de estar incluída no calendário de vacinação apenas desde 2014, a vacina não é nova, já que tem 20 anos de estudos e 10 anos de comercialização no mundo inteiro.
A gerente de imunização da Diretoria de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde de Santa Catarina (Dive/SC), Vanessa Vieira da Silva, acrescenta que a vacina só é efetiva com as duas doses aplicadas, o que também dificulta, já que muitas meninas não retornam para a segunda dose. Prova disso, é que em 2015, na primeira dose, foi atingido 79,36% de cobertura vacinal. Na segunda, caiu para 51,47%.
Para melhorar os índices uma das saídas apontadas pelo chefe do Projeto HPV é voltar a realizar a imunização nas escolas, como foi feito na primeira dose em 2014, quando SC superou a meta. A Dive ressalta que cada município define sua estratégia de vacinação e pode incluir a imunização em escolas públicas e particulares.
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Disponível na rede pública, vacina do HPV previne contra câncer e verrugas
Fique por dentro
O QUE É HPV
O HPV (Human papillomavirus) é um vírus de fácil disseminação e se instala na pele e mucosas de homens e mulheres. Existem mais de 200 tipos de HPV. Quatro tipos são mais frequentes e causam a grande maioria das doenças relacionadas à infecção, que podem causar desde verrugas até cânceres. Os HPV tipos 16 e 18 são responsáveis por 70% dos casos de câncer do colo útero (terceiro tipo de câncer mais frequente nas mulheres brasileiras); os tipos 6 e 11 por 90% das verrugas anogenitais. HPV também está associado a câncer de pênis, anal, vagina, pele e de boca.
SINTOMAS
As lesões clínicas se apresentam como verrugas ou feridas. No entanto, a maioria das infecções por HPV é assintomática ou inaparente e de caráter transitório, ou seja, regride espontaneamente. Tanto o homem quanto a mulher podem estar infectados pelo vírus sem apresentar sintomas.
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COMO PREVENIR
Existem várias formas de prevenir o HPV. A mais eficiente é a vacinação de jovens e adolescentes de 9 a 13 anos de idade. Além disso, o uso de preservativos nas relações sexuais pode diminuir o risco de adquirir o vírus. Para prevenir o câncer de colo de útero, é importante ainda realizar o exame preventivo (Papanicolau) periodicamente após o início da vida sexual.
VACINA
A vacina distribuída pelo SUS é do tipo quadrivalente, que protege contra quatro tipos de HPV (6, 11, 16 e 18), ou seja, abrange os dois principais tipos responsáveis por câncer de colo de útero e daqueles responsáveis pelas verrugas genitais.
COMO É ADMINISTRADA
É por via intramuscular – injeção com apenas 0,5 ml de vacina em cada dose. Cada adolescente deve tomar duas doses para completar a proteção, sendo que a segunda deverá ser tomada seis meses depois da primeira dose. Para meninas e mulheres com HIV, a vacinação continua sendo por três doses (0, dois e seis meses). Quem não tomou a segunda e a terceira dose no período indicado deve completar a dose faltante.
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ONDE TOMAR
Em qualquer posto de vacinação da rede pública. A vacina é aplicada durante todo o ano. As meninas não necessitam de autorização ou acompanhamento dos pais nos postos de saúde. Basta que apresentem um documento de identificação ou a carteira de vacinação.
EFEITOS COLATERAIS
Pode, raramente, ocasionar reações como dor, inchaço e vermelhidão no local da aplicação. Ocasionalmente, podem ocorrer dor de cabeça, mal estar e desmaios (síncope), que são relacionados à ansiedade ou ao medo da aplicação da vacina. Até o momento, não há conhecimento de qualquer efeito colateral grave relacionado à vacinação contra HPV.
PÚBLICO-ALVO DA VACINAÇÃO
Meninas de nove a 13 anos que ainda não receberam a vacina. Meninas e mulheres de nove a 26 anos vivendo com HIV/AIDS
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POR QUE VACINAR NA ADOLESCÊNCIA
Estudos mostram que a vacina tem maior eficácia se for administrada em adolescentes que ainda não foram expostas ao vírus, pois, nessa idade, há maior produção de anticorpos contra o HPV que estão incluídos na vacina.