A queda da imunização por vacinas no Brasil, a telemedicina, o futuro da profissão e até a saúde mental dos médicos são alguns dos temas do 12º Fórum de Ética Médica do Conselho Regional de Medicina, nesta sexta-feira (9) e sábado (10), na sede da entidade, na SC-401, em Florianópolis. A abertura do evento terá a presença do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que irá abordar os desafios e perspectivas da saúde no país.
Continua depois da publicidade
A preocupação com as quedas nos índices de vacinação foi o tema dominante em entrevista dos médicos Anastácio Kotzias (ortopedista e conselheiro federal do CRM) e Sônia Farias (Infectologista) ao Notícia na Manhã desta quinta-feira (8), na CBN Diário.
— Um país que tem o maior esquema do mundo de vacinação está atingindo os percentuais mínimos. Eu nunca mais tinha ouvido falar em sarampo — lamenta Kotzias.
O sarampo é um caso emblemático. Em setembro de 2016, foi emitido certificado de erradicação nas Américas, após dois anos seguidos sem casos.
— Em 2017, aconteceram mil casos, nenhum no Brasil. Em 2018, 10 mil casos no Brasil, com 12 óbitos.
Continua depois da publicidade
Esse surto começou em Roraima, importado pela onda migratória da Venezuela. Mas o problema é o relaxamento na prevenção:
—Poderiam entrar milhares de venezuelanos, se a nossa cobertura vacinal estivesse boa. Hoje, controlaram na vacinação na região Norte. O Estado com maior número de casos do país é São Paulo, na faixa etária de 15 a 29 anos.
Sonia destaca que doenças que no passado foram importantes causas de morte ou de sequelas, como difteria, tétano, paralisia infantil, não ocorrem mais graças à vacinação. Essa aparente erradicação, principalmente em uma geração que não conheceu essas doenças, pode levar a uma conclusão perigosa: “Isso não está ocorrendo mais, então não preciso me vacinar.”
— Das infectocontagiosas, a única erradicada no mundo, no final da década de 70, é a varíola. Quando falamos em poliomielite, sarampo, podemos falar apenas em que está eliminada em determinada região. Com a globalização, as pessoas se deslocam de um continente para o outro muito rapidamente. Se não estivermos protegidos, corremos risco de adquirir essas doenças.
Continua depois da publicidade
Na entrevista a Mário Motta, Anastácio Kotzias e Sônia Farias também abordaram a saúde mental dos médicos, afetadas por estresse, falta de reprocidade e de condições de trabalho, de carreira e do viabilização da cobrtura médica em regiões mais distantes:
— É impossível levar indivíduo ao Interior sem a mínima estrutura para atender. É preciso uma equipe completa — afirma Kotzias.