Os estoques da vacina pentavalente estão zerados nas principais cidades de Santa Catarina. Ela é responsável pela prevenção de cinco doenças em recém nascidos e deve ser aplicada em três doses nos primeiros seis meses de vida. Em falta há cerca de um mês, a distribuição pelo Ministério da Saúde (MS) só deverá ser retomada em novembro. A suspensão do fornecimento ocorreu por conta de reprovação de um lote comprado anteriormente em teste de qualidade feitos pela Anvisa.
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Em Florianópolis, nenhuma Unidade Básica de Saúde (UBS) conta com a imunização. O mesmo se repete em Criciúma, Joinville, Lages, Chapecó, Blumenau e Itajaí e em pelo menos cinco outros estados do Brasil. A reportagem visitou o Posto de Saúde do bairro Trindade, na Capital, e o primeiro aviso ao entrar no local é a falta desta vacina até o mês que vem.
O problema é motivo de apreensão para os pais que mobilizam-se para conseguir a imunização para os filhos. Aline Dalla Corte Pasin de 36 anos é mãe do Benjamin, de apenas quatro meses e para conseguir a primeira dose da vacina no bebê precisou ligar para quatro postos de saúde da Capital até conseguir a última dose da unidade do Bairro João Paulo.

— Eu estava preocupada e por isso peguei a lista de postinhos e fui ligando um a um. Quando o rapaz me disse que ele tinha só uma dose e que era a última, eu rapidamente entrei no carro peguei Benjamim e o levei até lá. Hoje estou de volta para cumprir o calendário, mas a segunda dose ficará atrasada pelo desabastecimento — conta Aline
De acordo com a enfermeira e coordenadora da UBS da Trindade todos que estão indo ao local em busca de doses têm seus dados incluídos em uma lista para que seja possível mapear as crianças que têm doses em atraso e corrigir o problema. Segundo ela o cadastro já conta com mais de 100 crianças.
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— Assim que os estoques estiverem normalizados nós iremos ligar para os pais solicitando que tragam os filhos para fazer a vacina o quanto antes. Entretanto, não é necessário entrar em pânico. Apesar de ser muito importante que o cronograma seja seguido sem atrasos nos primeiros meses de vida, as crianças ainda podem receber as doses dessa imunização até os seis anos de idade — afirma a enfermeira
Segundo a Diretoria de Vigilância Epidemiológica do Estado Estado (Dive/SC) o padrão era receber uma média de 28.000 doses/mês do MS, porém só receberam do MS o quantitativo conforme solicitado pelo Estado até o mês de abril/2019. Depois disso, passamos a receber cota reduzida de cerca de 50%. O órgão informou ainda que o último lote de vacinas foi recebido em 12 de julho/2019 que foi de 44% da cota.
O país demanda normalmente 800 mil doses mensais dessa vacina, de acordo com o governo federal. O Brasil ainda não produz a pentavalente e precisa importá-la.
O Ministério da Saúde declarou que o problema ocorreu porque um estoque de pentavalente adquirido por meio da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) foi reprovado em testes de qualidade do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS) e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
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Por este motivo, as compras com o fornecedor indiano Biologicals E. Limited foram interrompidas e não há disponibilidade imediata da vacina com outros fabricantes internacionais.
Em nota o órgão ressaltou que já solicitou a reposição do fornecimento à Opas, o que deve acontecer a partir de novembro. No texto também declararam que quando os estoques forem normalizados, o Sistema Único de Saúde (SUS) fará uma busca ativa pelas crianças que completaram dois, quatro ou seis meses de idade entre os meses de agosto e novembro.
Vacina Pentavalente
A vacina pentavalente é a combinação de cinco vacinas individuais em uma. Imunizando contra a difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e contra a bactéria haemophilus influenzae tipo b, responsável por infecções no nariz, meninge e na garganta. Ela faz parte do Programa Nacional de Imunizações (PNI), desde 2012. As crianças devem tomar três doses da vacina: aos 2, aos 4 e aos 6 meses de vida.