No início do mês de outubro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) aprovou a primeira vacina contra a malária. Chamada RTS,S, o imunizante foi reconhecido em uma decisão histórica, considerando principalmente a África Subsaariana e outras regiões que apresentam alta contaminação pela doença.
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Mas quando a vacina contra a malária começará a ser aplicada? Quem poderá tomar? Quanto ela custa? A seguir, você pode conferir as respostas para essas e outras perguntas.
O que é malária
A malária é uma doença infecciosa e aguda que causa febre. O responsável pela malária é um protozoário do gênero Plasmodium, que é transmitido pela fêmea infectada do mosquito Anopheles. A doença pode ter cura, no entanto, é preciso que o tratamento seja realizado de forma adequada, e em tempo oportuno, afinal, a malária pode evoluir para forma grave e até mesmo óbito.
Grande parte dos casos de malária no Brasil se concentra na região Amazônica, em estados como Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins, áreas consideradas endêmicas para a doença.
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Ainda que seja notificada em menor quantidade nas outras regiões, a malária não pode ser negligenciada, considerando que nos demais estados, a letalidade da doença é mais elevada que na região endêmica.

A malária pelo mundo
Segundo informações da OMS, os países africanos na região endêmica que representam mais de 90% dos casos de malária, também foram os mais afetados pela Covid-19.
Constatou-se que, em locais como estes, houveram menos ações de prevenção à malária, como distribuição de redes e medicamentos. Ainda de acordo com o órgão, em 2019, seis países africanos foram responsáveis por 50% de todos os casos de malária no mundo:
- Nigéria (23%)
- República Democrática do Congo (11%)
- República Unida da Tanzânia (5%)
- Moçambique (4%)
- Burkina Faso (4%)
- Níger (4%)
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Vacina contra a malária
A vacina contra a malária, chamada de RTS,S, tem como alvo o protozoário Plasmodium falciparum, e sua ação é bloquear de forma parcial o acesso às células humanas que o parasita tem ao entrar no sangue da vítima.
Por isso, a vacina é composta de esporozoítos (SPZ), estimulando uma resposta imune no estágio no ciclo de vida do parasita da malária que os mosquitos infectados injetam nas pessoas durante uma mordida.
A vacina contra a malária precisa de 4 doses para ser totalmente eficaz. No início do esquema vacinal, a imunização deverá ser feita com as 3 primeiras doses administradas com um mês de intervalo entre elas, na idade de 5, 6 e 7 meses. Após essa aplicação, o reforço necessário será realizado somente quando a criança estiver com 1 ano e 6 meses (18 meses de idade).
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Em estudos realizados há 6 anos atrás, a vacina se mostrou eficaz ao prevenir 40% dos casos de malária e 30% das formas graves da doença. Pesquisadores vêm realizando desde 2019 alguns programas-piloto de vacinação ampla em países com Gana, Quênia e Malaui. Os resultados levaram a OMS a aprovar e recomendar o imunizante, diante do grande benefício apresentado para a população, principalmente em áreas endêmicas.
A importância da vacinação

A vacina contra a malária age contra o parasita transmitido pelo mosquito vetor da doença que, atualmente, é considerado o mais mortal no mundo. Para países de regiões endêmicas, como a África, em que a malária mata mais de 260 mil crianças menores de cinco anos por ano, a vacina é muito mais que um imunizante.
Ela é vista como uma forma de esperança, principalmente ao considerar que um dos grandes receios dos pesquisadores é que a malária se torne cada vez mais resistente aos tratamentos oferecidos.
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Qual o preço da vacina da malária
Até o momento, ainda não se sabe o preço oficial da vacina contra a malária. A indústria farmacêutica GSK, responsável pelo desenvolvimento da vacina, se comprometeu a fornecer as doses com o custo da fabricação. Além disso, a maior parte do financiamento em países como o Quênia, são de doadores como a aliança global de vacinas e Fundações como a de Bill e Melinda Gates
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Quando começa a vacinação contra malária
Considerando o sucesso alcançado pelos programas-piloto em Gana, Quênia e Malaui, estes terão continuidade. A farmacêutica GSK doou 10 milhões de doses para o estudo, sendo que até o momento, 2,5 milhões foram usadas.
Além disso, a empresa se comprometeu a fornecer 15 milhões de doses de vacina contra a malária ao ano. Portanto, a estimativa é que o imunizante fique disponível para a população no final de 2022.
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Vacina da malária no Brasil
A recomendação da OMS é que a vacina contra a malária seja usada principalmente em regiões em que a transmissão do Plasmodium falciparum é de moderada a alta. No Brasil, o causador mais frequente da malária é o Plasmodium vivax, representando 89% dos casos, de acordo com o Ministério da Saúde. Dessa forma, a vacina RTS,S contra a malária não deve ser aplicada no Brasil.
Contudo, dados do PNCM (Programa Nacional de Prevenção e Controle da Malária) mostram que no ano de 2019, o Brasil notificou 19,1% de casos em relação a 2018, mostrando que a doença pode ser controlada de outras formas em países como o nosso.
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Pesquisadores acreditam que os casos de malária no Brasil são influenciados diretamente por dois fatores: a organização dos sistemas de saúde e as mudanças ambientais.
Isso porque, é comum que uma cidade faça uma mobilização para diagnosticar e tratar uma doença como a malária e, assim que o número de casos começa a diminuir, esses programas deixam de existir. Essa ação provoca um novo aumento posteriormente. Além disso, o crescimento das áreas de desmatamento e garimpo na Amazônia afetam diretamente, causando mudanças nas regiões.
Atualmente, o país possui um plano para eliminar a malária em território nacional. A meta é que sejam registrados menos de 14 mil casos e nenhum óbito até 2030. Além disso, eliminar completamente a transmissão do Plasmodium nos próximos nove anos.
Para que isso seja possível, é preciso que os sistemas de vigilância da doença sejam fortalecidos, assim como a aquisição de testes rápidos de diagnóstico, ofertas de tratamentos na rede pública e investimento em pesquisas e no desenvolvimento de novas soluções para esse problema, como a vacina desenvolvida.
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Como evitar a malária
Visto que a vacina contra malária não chegará ao Brasil por não ser indicada para o tipo de protozoário dominante em nossa região, adotar medidas de proteção individual têm como objetivo principal reduzir a chance da picada do mosquito transmissor de malária. Entre as principais formas de proteção, estão:
- utilizar cortinados e mosquiteiros, de preferência os impregnados com inseticidas de longa duração, sobre a cama ou rede
- usar telas em portas e janelas e, quando possível, ar-condicionado no ambiente
- evitar locais próximos a criadouros naturais de mosquitos, como beira de rio ou áreas alagadas, principalmente do final da tarde até o amanhecer (horários em que há um maior número de mosquitos transmissores de malária circulando)
- diminuir as áreas descobertas do corpo onde o mosquito possa picar, utilizando calças, camisas de mangas compridas, sapatos e roupas de cores claras
- usar repelentes à base de DEET (N N-dietilmetatoluamida) ou de icaridina em partes do corpo que estiverem descobertas (em crianças menores de 2 anos de idade, não é recomendado o uso de repelente sem orientação médica
Considerando que a malária tem baixa incidência e o predomínio é do Plasmodium vivax em toda a área endêmica do Brasil, é preciso entender que a eficácia da profilaxia para essa espécie de Plasmodium, muitas vezes utilizada em outros lugares, é baixa.
Assim, não se indica no Brasil o uso de medicamentos para quimioprofilaxia (QPX) para viajantes em território nacional. Contudo, a QPX pode ser recomendada por um médico para viajantes que desejam visitar regiões de alto risco de transmissão do Plasmodium falciparum na Região Amazônica, e vão permanecer por tempo superior ao período de incubação da doença, e também em locais cujo diagnóstico e tratamento da malária estão a mais de 24 horas de distância.
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Também é importante destacar que o viajante que se desloca por áreas de transmissão de malária no Brasil deve procurar orientações para a prevenção antes da viagem e procurar o serviço de saúde caso apresente sintomas da doença no período de 6 meses após retornar de uma área de risco de transmissão.
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