Prefeitos de várias cidades de Santa Catarina e representantes da Federação Catarinense dos Municípios (Fecam) marcaram para as 17h desta sexta-feira (11) uma reunião com o governador de SC, Carlos Moisés (PSL), para pressionar o Estado a firmar um acordo com o Instituto Butantan, de São Paulo, e arcar com as doses da vacina CoronaVac.
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> Acordo de municípios com Butantan coloca pressão sobre o governo do Estado
O encontro vem na sequência da assinatura do protocolo de intenções entre a Fecam e o Butantan para que cidades catarinenses possam comprar a CoronaVac diretamente de São Paulo, sem passar pelo governo de SC.
No início da tarde desta sexta (11) a reunião chegou a ser cancelada. Segundo o colunista da NSC, Renato Igor, a Fecam havia cancelado o encontro ao saber que Moisés não iria tratar das vacinas. Pouco tempo após a informação ter sido divulgada, o governador voltou atrás e disse que iria incluir o assunto das vacinas na pauta da reunião, e por tanto, manteve a reunião para às 17h desta sexta-feira.
A intenção da Fecam é pressionar Moisés para que o Estado siga o caminho aberto pelos municípios e faça um acordo mais abrangente. Até o momento, a posição da Secretaria de Estado da Saúde é de esperar por um Plano Nacional de Imunização (PNI), do Ministério da Saúde. Procurado, o governo do Estado preferiu não se pronunciar antes da reunião.
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— Já tem 11 estados que procuraram o Butantan e assinaram acordo para aquisição das vacinas, independentemente do PNI do governo federal. E a Fecam foi a primeira federação de municípios e fazer esse movimento, assinamos o primeiro protocolo. Então a ideia é que o governo do Estado embarque nesse movimento — ressaltou o ex-prefeito de Rio do Sul e consultor de saúde da Fecam, Jailson Lima.
A reportagem do Diário Catarinense teve acesso ao protocolo assinado pela Fecam e o Butantan. O documento cita apenas a intenção de compra, e estabelece que mais detalhes serão alinhados após a aprovação da CoronaVac na fase três de testes e a autorização para uso no Brasil por parte da Anvisa. Por isso, não há no documento a definição de prazos ou o número de doses que seriam vendidas para Santa Catarina.
Em reunião com o governador de São Paulo, João Dória, após a assinatura do protocolo nesta quinta (10), os prefeitos e representantes da Fecam que viajaram até SP tiveram mais alguns detalhes sobre a CoronaVac.
Dória disse aos catarinenses que a prioridade da fase inicial é a vacinação de profissionais de saúde, e que a entrega de vacinas aos outros estados depende da produção do Butantan e do cronograma de vacinação em São Paulo, que está previsto para começar no dia 25 de janeiro.
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Foi definido também que a vacina produzida pelo Butantan custará US$ 10,32, algo em torno de R$ 55.
A CoronaVac começou a ser produzida pelo Butantan nesta quinta (10). Antes do evento com a Fecam, a diretoria do Instituto e Dória oficializaram o início da produção no local. Segundo o governador de SP, a manipulação e o envase do imunizante serão feitos em turnos sucessivos, sete dias por semana, para que a produção diária em São Paulo alcance a capacidade máxima de até um milhão de doses por dia.
O primeiro lote terá aproximadamente 300 mil doses. Até janeiro, 40 milhões de doses da vacina deverão ser produzidas no local, segundo o governo paulista.
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A vacina da farmacêutica chinesa Sinovac, desenvolvida em parceria com o Instituto Butantan, está na fase 3 de testes. Esta é a última etapa antes da aprovação pelas agências regulatórias de cada país. No caso do Brasil, a Anvisa.
Em novembro, a revista científica Lancet Infectious Diseases divulgou que a vacina é 97% eficaz, com base na análise das fases 1 e 2. A expectativa é de que os resultados da última etapa sejam divulgados ainda neste mês.
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