A aplicação das doses de vacina contra o coronavírus tem registrado ritmo bem distinto entre as 17 regiões de saúde de Santa Catarina. Enquanto na regional de Videira 96,8% das 3.693 doses recebidas foram aplicadas, na de Joinville pouco mais de um terço (38,57%) foi usado. Os dados foram obtidos pelo Diário Catarinense por meio da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive) do Estado e registram o status da vacinação até segunda-feira, 8 de fevereiro, que informou haver 96.596 pessoas vacinadas, 494 delas já com a segunda dose.
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Até segunda-feira, segundo o levantamento, 186.868 doses de imunizantes tinham sido distribuídas pelo Estado a todas as regionais. No entanto, apenas 51,96% tinham sido aplicadas. Foram 96.596 usadas para administrar a primeira dose da vacina e 494 para pessoas que já receberam a segunda dose. A maior parte das doses foi aplicada nos profissionais da saúde (85.885), seguido de idosos que vivem em instituições (6.885), população indígena (4.032) e pessoas com deficiência (288) que frequentam instituições.
Proporcionalmente, a disparidade da aplicação das doses é mais crítica na regional de Joinville, que até segunda-feira tinha administrado 38,57% das 20.010 vacinas recebidas. Além de Joinville, a regional abrange Araquari, Balneário Barra do Sul, Barra Velha, Garuva, Itapoá, Joinville, São Francisco do Sul e São João do Itaperiú.
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Em situação um pouco melhor está a regional de Blumenau, que recebeu 21.050 doses, mas havia aplicado 8.491 mil (40,34%) até segunda-feira. Além da maior cidade do Vale do Itajaí, integram a regional os municípios de Apiúna, Ascurra, Benedito Novo, Botuverá, Brusque, Doutor Pedrinho, Gaspar, Guabiruba, Indaial, Pomerode, Rio dos Cedros, Rodeio e Timbó.
Regiões que receberam menos doses avançaram mais rápido
Nove das 10 regiões que receberam menos de 8 mil doses são as que avançaram mais rápido proporcionalmente na vacinação. Na regional de Videira quase todas as vacinas recebidas já tinham sido aplicadas até segunda-feira, totalizando 96,8%. Foram recebidas 3.693 doses e aplicadas, 3.575, a maioria em profissionais de saúde.
A regional abrange os municípios de Arroio Trinta, Caçador, Calmon, Curitibanos, Fraiburgo, Frei Rogério, Ibiam, Iomerê, Lebon Régis, Macieira, Matos Costa, Pinheiro Preto, Ponte Alta do Norte, Rio das Antas, Salto Veloso, Santa Cecília, São Cristovão do Sul, Timbó Grande e Videira.
Mas mesmo algumas regionais que receberam mais de 10 mil doses para aplicação conseguiram manter ritmo próximo ao da média geral do Estado, que é de 51,96%. É o caso de Itajaí (51,84% de aplicação), Criciúma (51,81%) e Chapecó (50,17%).
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A regional de Florianópolis foi a que recebeu o maior número de doses até o momento, 45.513, das quais 46,27% haviam sido administradas. No geral, 9 das 17 regiões têm conseguido vacinar acima da média do Estado.
Região de Xanxerê tem mais da metade dos indígenas vacinados
Mais da metade dos indígenas vacinados no Estado está na região de Xanxerê, no Oeste do Estado. A regional imunizou 2.161 dos 4.032 integrantes desse grupo prioritário até a segunda-feira em SC.
Quando analisados somente os números de profissionais de saúde imunizados, a região de Xanxerê ainda apresentava números mais baixos de aplicação de doses até a segunda-feira. No entanto, a Associação dos Municípios do Alto Irani (Amai), que congrega 14 das 17 cidades da regional de saúde de Xanxerê, informou que o panorama atual é positivo e que a maioria dos municípios da região já havia aplicado a maior parte das vacinas recebidas até esta quinta-feira (11).
A expectativa é de que os municípios concluam a imunização com as últimas doses em estoque, destinadas a profissionais de saúde, até esta sexta-feira (12).
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Entre todos os grupos prioritários desta primeira fase de imunização, Xanxerê tem o quinto maior percentual de aplicação de doses recebidas entre as regiões de SC, com 65,80% dos imunizantes recebidos já administrados.
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Joinville aponta controle dos grupos como causa de início mais lento
A região de Joinville tem o menor percentual de doses aplicadas entre as 17 regionais segundo os dados da Dive-SC. A maior parte desse volume está concentrada na cidade de Joinville, a maior do Estado, que recebeu 13 mil doses.
Por meio da Associação de Municípios do Nordeste de Santa Catarina (Amunesc), que inclui Joinville e outras cinco cidades da regional, a secretaria de Saúde de Joinville informou que a necessidade de definir quais públicos teriam preferência dentro dos grupos já considerados prioritários, em virtude da baixa quantidade de doses, representou uma limitação do plano e fez com que o início da vacinação tenha ocorrido de forma mais controlada e cadenciada.
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Apesar disso, o município informou que começa nesta sexta-feira (12) a aplicar a segunda dose aos primeiros vacinados e que tem estimativa de chegar a 100% das aplicações das primeiras doses até a sexta-feira da próxima semana, dia 19.
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A Secretaria de Saúde de Joinville também pontuou que foi preciso ter grupos controlados para evitar os chamados “fura-fila” neste início de imunização, mas que a partir da próxima semana, com a ampliação para todos os profissionais de saúde, o fluxo de vacinação na cidade deve ser mais rápido.
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O que diz o Estado
Em resposta à reportagem, a Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina (Dive-SC) afirmou que o Estado recomenda que a vacinação nas cidades se inicie logo após o recebimento das doses, mas que “cabe aos municípios definir e desenvolver as estratégias de vacinação conforme a realidade local”. O órgão também disse acreditar que “os municípios não medem esforços para realizar a aplicação da vacina no menor tempo possível”.
Sobre o ritmo de vacinação nas regiões, a Dive-SC reafirmou a autonomia das regiões para organizar os processos de formas diferentes e afirmou que “o equilíbrio vai acontecer ao longo da campanha com o recebimento de mais doses pelo estado e municípios e com a ampliação do público-alvo”.
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Baixo número de doses é maior preocupação nos municípios
Alguns fatores contribuem para uma discrepância na aplicação das doses recebidas e um início de vacinação mais lento em algumas regiões de Santa Catarina. Entre eles estão a troca de gestores municipais e a necessidade de delimitar grupos ainda mais específicos para receberem as primeiras doses. A avaliação é do presidente do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de SC (Cosems/SC), Alexandre Lencina Fagundes.
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A principal dificuldade observada pelos municípios, segundo o presidente do Cosems, decorre do baixo número de doses repassadas até o momento pelo governo federal ao Estado e aos municípios. A garantia de mais doses para a sequência da campanha de imunização é, inclusive, uma das maiores preocupações, de acordo com o dirigente.
– O quantitativo não foi suficiente nem para a primeira fase. Os municípios tiveram que “priorizar a prioridade”, isso gerou dificuldade de entendimento em algumas situações. Todos esses pontos nós estamos trabalhando. Acredito que isso será só uma dificuldade inicial. Certamente nas próximas semanas, com a rede de sala de vacinas, a gente vai trabalhar para uma cobertura vacinal muito melhor que hoje – projeta.
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A troca de gestores em função das eleições municipais, que resultou na mudança no comando em 60% das cidades de Santa Catarina, seria outro fator que acaba influenciando nesse início de vacinação, já que as novas equipes precisam de algum tempo até adequar os serviços. Outro ponto identificado pelo presidente do conselho é uma dificuldade de municípios para informar o quantitativo de doses aplicadas. Isso estaria ocorrendo por uma lentidão no sistema SPNI, do Ministério da Saúde.
– Isso está causando um delay. Alguns municípios tentam informar mesmo com o sistema lento, outros deixam para atualizar os dados uma ou duas vezes na semana, isso pode criar uma diferença de alguns dias nas informações – alerta.
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Apesar das dificuldades enfrentadas neste início, Fagundes comemora o fato de que diferença entre as regiões não seja reflexo de nenhuma dificuldade estrutural, como falta de salas de vacinas ou insumos, mas sim da necessidade de organizar e definir grupos com maior prioridade. Nesse sentido, segundo ele, os municípios menores vêm se saindo melhor no desafio da imunização contra a Covid-19.
– Na maioria dos municípios pequenos, a vacinação está a contento, a dificuldade está nos municípios um pouco maiores, em função da complexidade dessa situação (de definição de grupos) – pontua.
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