A reiteração criminosa – prática repetida de delitos – foi determinante para a prisão do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, na 12ª fase da Operação Lava-Jato, deflagrada na manhã desta quarta-feira.
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Em entrevista coletiva, o procurador Carlos Fernando Lima e o delegado Igor Romário de Paula relataram que Vaccari tem um histórico criminoso desde 2004, quando se envolveu em desvios do Bancoop (Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo), que também abasteceria partidos políticos. Por suspeita de participação nesse esquema, Vaccari virou réu em 2010 em uma ação penal que tramita na Justiça de São Paulo.
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No âmbito da Petrobras, Vaccari foi citado por cinco delatores do esquema – Alberto Youssef, Paulo Roberto Costa, Pedro Barusco, Julio Camargo e Augusto Mendonça – como operador do PT. Segundo o procurador Lima, o papel de Vaccari é semelhante ao de Youssef, de representar um partido político junto à Petrobras.
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Contra Vaccari, também pesa o fato de Augusto Mendonça, da empresa SOG, ter afirmado e apresentado comprovantes de operações bancárias de que repassou, por ordem de Vaccari, mais de R$ 1,5 milhão para a Editora Gráfica Atitude, de São Paulo. O dinheiro, conforme delação de Mendonça, era proveniente de propina. E a gráfica, que seria ligada à Central Única dos Trabalhadores (CUT), seria utilizada apenas para emitir notas fiscais, sem necessidade de prestação de serviços. Para os investigadores da Lava-Jato, Vaccari está envolvido em lavagem de dinheiro. A operação está vinculada à eleição de 2010, segundo a investigação.
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O tesoureiro do PT, preso no exercício do cargo partidário, deverá chegar na sede da superintendência da Polícia Federal em Curitiba em torno do meio-dia. Quando a Polícia Federal cumpriu o mandado de sua prisão preventiva na manhã desta quarta-feira em São Paulo, Vaccari se preparava para sair de casa com o intuito de praticar corrida.
Também foram cumpridos mandados contra familiares de Vaccari. A suspeita é de que eles foram envolvidos na trama para ajudar na lavagem de dinheiro. Cunhada de Vaccari, Marice Corrêa Lima, que também é secretária do Diretório Estadual do PT de São Paulo, teve contra ela ordem de prisão temporária, que vale por cinco dias. Ela, contudo, não foi encontrada na sua residência. A expectativa é de que ela possa se entregar. Já contra a esposa de Vaccari, Giselda, houve o cumprimento de um mandado de condução coercitiva. Como ela se dispôs a prestar o depoimento no ato, ele foi tomado na própria residência, com posterior liberação. O conteúdo das declarações de Giselda, contudo, não ajudou a esclarecer nenhum dos fatos.
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Na casa de Marice, também houve busca e apreensão. Contra Marice, pesa a compra de um apartamento no Guarujá, litoral paulista, por aproximadamente R$ 200 mil. Depois, a construtora OAS pagou cerca de R$ 400 mil pelo imóvel de Marice. Por fim, a empreiteira revendeu novamente por um valor inferior ao pago. Para os investigadores, é um apontamento de lavagem de dinheiro. A filha de Vaccari, Nayara, também possui apartamentos adquiridos de forma suspeita em seu nome. O entendimento da investigação é de que Vaccari utilizou familiares para praticar esquema.
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Já em relação a esposa de Vaccari, Giselda, a investigação verificou uma série de operações suspeitas. Em três anos, ela recebeu mais de R$ 300 mil em depósitos não identificados.
Ao abordar a situação de Vaccari, o delegado Igor Romário chegou a falar em “desafio às instituições” devido à reincidência dele em atividades criminosas.
Acompanhe como foi coletiva da PF sobre a prisão de Vaccari:
Em depoimento à CPI da Petrobras na semana passada, o petista confirmou que encontrava o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco e o ex-diretor da empresa Renato Duque, mas não tratava de finanças do partido. Ele também defendeu as doações oficiais que a PF investiga ser uma forma de propina repassada para o partido. A sessão foi marcada por confusão, quando soltaram ratos no plenário.
* Zero Hora