De 15 em 15 dias, o estudante de engenharia Pedro Henrique Dresch, 23 anos, aluno da Universidade Federal de Santa Catarina (Ufsc), precisa tomar uma injeção para controlar a Doença de Crohn, uma doença inflamatória séria do trato gastrointestinal. Por ser doença crônica, se não tomar o medicamento, pode ter várias complicações.

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Com o remédio em dia, ele consegue ter uma vida normal, porém desde dezembro de 2015 Pedro começou a ter problemas para conseguir a injeção na farmácia-escola da Ufsc, o que tem gerado uma preocupação. Na manhã desta quarta-feira, 15 de junho, mais uma vez ele teve que remarcar o retorno até o local após ser informado que o medicamento Adalimumabe estava em falta:

– Esta é a sexta vez que venho no ano e a quarta que está em falta. Minha próxima injeção é no dia 22 de junho, mas marcaram para eu voltar no dia 23, já vai ter um dia de atraso. Não tenho como comprar, quando fui vir o preço passava de R$ 5 mil – explicou o estudante.

Situação semelhante passou a aposentada Yolanda Schubrt, 69 anos. A senhora foi de ônibus do Centro até a farmácia-escola para buscar seu remédio de uso contínuo para retocolite, mas chegando lá viu o bilhete na porta avisando que o medicamento Mesalazina estava em falta:

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– Custa muito caro e acho que nem vendem em farmácia normal, porque é importado. Já estava faltando antes, mas hoje eu tinha esperança que teria chegado. Agora não sei o que vou fazer – lamentou.

São 25 itens na lista colada na porta

Nesta quarta-feira, uma lista colada na porta apontava que faltavam 25 medicamentos na farmácia-escola da Ufsc. São remédios de uso contínuo, para tratamento de colesterol, doenças coronárias, anticonvulsivos, doenças autoimunes entre outras, essenciais para os pacientes, que na maior parte dos casos não têm condições financeiras de comprar.

– Eu ainda tenho duas caixas que ganhei do médico, senão chegar até essas acabarem, não sei como fazer. A situação da saúde está preocupante, faltam remédios, está cada vez mais difícil conseguir consulta, ainda mais se acontecer este corte mesmo – disse a aposentada Mara Menezes, 60 anos, que se deslocou dos Ingleses até a Ufsc para buscar seu remédio para o colesterol.

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Em Unidades de Saúde da Capital também acontecem problemas semelhantes. Integrante do conselho e secretário geral do Sindicato dos Médicos de Santa Catarina (Simesc), Renato Figueiredo afirmou que desde abril está faltando o antibiótico cefalexina nos postos.

O que faltava no dia 15/6:

Adalimumabe 40mg

Atorvastatina 10mg e 20mg

Bimatoprosta

Brimonidina

Budesonida 400 mg

Ciclosporina 25mg e 100mg

Everolimo 0,5mg e 1,0mg

Fludrocortisona 0,1mg

Formoterol + Budesonida 6/200mcg cápsula

Formoterol 12mcg

Gabapentina 300mg e 400 mg

Genfibrozila 900mg

Hidroxicloroquina 400 mg

Lanreotida 90mg

Metotrexato 25mg/mL injetável

Octreotida 10mg e 20mg

Piridostigmina 60mg

Pravastatina 10mg

Rituximabe

Salmeterol 50mcg

Somatropina 12UI

Ziprasidona 40mg

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Estado já tem alguns no almoxarifado e busca repor os demais

Apesar da farmácia-escola funcionar por meio de convênio entre a Ufsc e a Secretaria de Saúde de Florianópolis, o fornecimento dos medicamentos é de responsabilidade da Secretaria Estadual de Saúde, que, nesta quarta-feira à tarde, esclareceu que alguns já estão em estoque no almoxarifado. São eles: Adalimumabe, Everolimo, Octreotida, Gabapentina, Pravastatina e Rituximabe.

Ciclosporina e Somatropina estão previstos para chegar no dia 16 de junho e Lanreotida tem entrega prevista para 20 de junho. Não há previsão para Metotrexato e Salmeterol, que estão com falta de matéria-prima nacional.

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Já o Piridostigmina está sendo comprado por dispensa de licitação, devido à dificuldade de compra e deve chegar em 30 dias.Os demais estão com aquisição sendo negociada, sem previsão.