Quem usa o transporte coletivo em Florianópolis sabe que pegar ônibus no fim de tarde é sinônimo de filas e linhas lotadas. Muita gente ao mesmo tempo dentro das plataformas do Terminal de Integração do Centro (Ticen). A rotina das pessoas aliada aos problemas de mobilidade urbana revelam o cenário dantesco de cada dia. As filas crescem no mesmo ritmo das tarifas ano após ano.

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Vídeo: Terminal de Florianópolis apresenta superlotação em horários de maior movimento

Sem lugar no ônibus, a auxiliar administrativa Raquel Gomes, de 41 anos, encontrou um lugar nos degraus da porta de trás e deu entrevista enquanto aguardava a linha 210 (Ticen – Tican Direto) partir.

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O professor Antônio Suski, de 49 anos, lamenta o tempo perdido na espera pelo transporte.

A operadora de caixa, Gledismara Pereira, de 57 anos, se revolta com a falta de fiscalização. As filas se entrelaçam e muita gente não sabe em qual está.

Mas porque o problema do fim de tarde no Ticen não é resolvido? O secretário de transportes e mobilidade urbana de Florianópolis, Marcelo Silva, apresenta explicações:

São vários os aspectos. O primeiro é o próprio horário de funcionamento da cidade. Isso é uma coisa que já conversamos no passado. Nós temos que retomar. Conversar com CDL, com AEMFLO, com associação de escolas particulares, com o governo do Estado na área de educação. Porque hoje, todos os desejos de deslocamento estão no mesmo horário. A concentração de órgão públicos no centro da cidade também complica isso. Florianópolis absorve 72% dos postos de trabalho da região metropolitana, ou seja, nós temos um número significativo de pessoas que trabalham na Ilha. Hoje, o Ticen tem três plataformas com linhas municipais e duas plataformas com linhas intermunicipais. Outra questão é a política equivocada do dos últimos anos do Governo Federal que incentivou o compra do carro em detrimento do transporte coletivo. Era muito mais fácil você entrar numa loja de carro sem dinheiro, financiar em 48, 60, 72 vezes. Hoje nós temos um luta desigual. Temos muito mais carros na cidade do que oferta do transporte coletivo.

E qual seria a solução?

A solução para a mobilidade no município de Florianópolis e na região metropolitana é o investimento maciço no transporte coletivo. Com um ônibus, eu retiro da rua entre 85 e 100 carros. Temos que investir em corredores exclusivos, melhorar a velocidade comercial dos ônibus. Florianópolis melhorou a informação com seu aplicativo ‘Floripa no Ponto’. A segurança também melhorou com as câmeras embarcadas. Temos que repensar a política de estacionamento da cidade. Hoje, quer queria ou não, o valor da zona azul incentiva as pessoas a utilizarem o estacionamento. Talvez uma tarifa mais alta ou uma maior rotatividade no centro da cidade evitaria este acúmulo de carros nós conseguiríamos reduzir as filas e, por consequência, melhorar a mobilidade. Então, são aspectos que vão fazer as pessoas deixarem o carro em casa e começar a usarem o transporte coletivo.

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O secretário de transportes e mobilidade urbana de Florianópolis, Marcelo Silva, também alegou que os investimentos no transporte coletivo para os próximos quatro anos vai chegar ultrapassar os R$ 220 milhões.

SETUF se manisfesta através de nota

O Sindicato das Empresas de Transporte Urbano da Grande Florianópolis (SETUF) defende que haja ações voltadas à mobilidade urbana com a implantação de corredores de ônibus, o que incentiva o cidadão a tornar-se usuário das linhas de transporte coletivo. Esta definição, acompanhada de obras como o alargamento da Via Expressa e a abertura da terceira faixa da BR-101 no sentido Norte, seguramente farão com que milhares de pessoas que residem nas cidades da Grande Florianópolis possam perceber uma melhoria significativa na mobilidade da região.

Nota da CDL de Florianópolis

A CDL de Florianópolis entende que a cidade precisa criar oportunidades para a população permanecer no Centro de Florianópolis. É preciso ter mais espaços públicos com infraestrutura adequada e áreas de convivência, assim como eventos ao ar livre que atraiam atenção e desperte o interesse das pessoas ficarem mais tempo pelas ruas, além de propor alternativas em transportes públicos (a exemplo do marítimo) e faixas e ciclovias que possam receber o público que tem como alternativa o uso de bicicletas ou caminhadas. Com isso, o terminal teria uma redução natural de pessoas no horário de pico. Outro ponto importante que envolve o comércio é a aprovação da Lei Complementar que libera o horário de funcionamento do comércio na Capital sancionada no início deste ano. Sem dúvida é um atrativo e estimula o consumidor de ir às compras após o expediente de trabalho, assim como o empresário tem mais liberdade de expor o estabelecimento à melhor forma de horário de atendimento.