Capacidade adaptativa é o fator que diferencia municípios mais preparados daqueles que permanecem vulneráveis diante dos eventos climáticos extremos.

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O Urban Adaptation Index (UAI), elaborado pela USP, permite avaliar a estrutura institucional das cidades brasileiras e revela se elas possuem os instrumentos básicos para enfrentar desastres que já se tornaram recorrentes.

Segundo matéria publicada no Jornal da USP, os dados coletados junto ao IBGE mostram que a maioria dos municípios brasileiros não tem condições mínimas para planejar a adaptação.

Enquanto cidades grandes se destacam com índices próximos de 1,0, os pequenos municípios apresentam resultados extremamente baixos, deixando suas populações desprotegidas.

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Falta de políticas de habitação e ordenamento territorial

Menos de 40% dos municípios têm planos de habitação atualizados, e pouco mais de 5% contam com cartas geotécnicas capazes de orientar a ocupação segura do território. Esse déficit abre espaço para ocupações em encostas, margens de rios e outras áreas de risco, aumentando a probabilidade de tragédias.

A ausência desses instrumentos reflete a falta de uma política de planejamento urbano de longo prazo. Sem ferramentas técnicas, a ocupação do solo acontece de forma desordenada, criando cenários de vulnerabilidade que se repetem a cada temporada de chuvas fortes.

Redução de riscos pouco difundida

Apenas 13% dos municípios brasileiros possuem planos específicos de redução de riscos. Isso significa que a maioria das cidades atua apenas de forma emergencial, reagindo aos desastres em vez de preveni-los com antecedência.

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Essa postura reativa aumenta os prejuízos humanos e materiais, já que tragédias poderiam ser mitigadas ou evitadas se houvesse planejamento prévio. A falta de planos sistemáticos torna a capacidade adaptativa ainda mais limitada.

Discrepância entre grandes centros e cidades pequenas

Enquanto capitais como Belo Horizonte e Curitiba apresentam índices próximos de 1,0, milhares de municípios pequenos permanecem em faixas baixíssimas, entre 0,33 e 0,44. Essa discrepância revela a enorme desigualdade de condições institucionais entre os diferentes portes urbanos.

Essas diferenças também refletem a desigualdade regional do país, onde pequenas cidades, especialmente em áreas mais pobres, não têm acesso a recursos e profissionais capacitados para elaborar políticas de adaptação consistentes.

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Eficácia depende de implementação justa

A coordenadora do estudo, Gabriela Di Giulio, explica que a simples existência de um plano não garante que ele seja eficaz. Muitas vezes, políticas ficam restritas ao papel, sem alcançar a prática cotidiana nem beneficiar as populações mais expostas.

Portanto, a capacidade adaptativa precisa ser vista como um processo que envolve tanto a criação de instrumentos formais quanto sua aplicação concreta. Só assim as cidades poderão enfrentar de maneira justa e eficiente os efeitos da crise climática.

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