O uso de armas químicas no conflito sírio se tornou “rotina” – declarou nesta segunda-feira o representante dos Estados Unidos na Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq), que voltou a acusar o governo de atacar a população.
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A denúncia foi feita depois que a Opaq confirmou, em 6 de novembro, que gás mostarda foi usado em agosto, e gás de cloro, em março, sem apontar culpados.
“A triste realidade é que a utilização de armas químicas se torna uma rotina na guerra civil na Síria”, declarou Rafael Foley na reunião a portas fechadas do conselho executivo da Opaq, organização com sede em Haia, de acordo com um documento publicado na página institucional.
Hoje, a organização disse estar “muito preocupada” com o uso de armas químicas na Síria e pediu que os responsáveis por esses ataques sejam levados à Justiça.
Em uma nota, a organização reafirmou “sua condenação, nos termos mais duros, ao uso de armas químicas, por quem quer que seja e diante de qualquer circunstância”.
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Recentemente, multiplicaram-se as acusações do uso das armas químicas, por parte do Estado Islâmico, ou do regime sírio.
Segundo as conclusões de um relatório da Opaq, “incidentes de março de 2015 mostraram, realmente, a utilização de um, ou de vários, agentes químicos – entre eles o gás de cloro -, como armas na província de Idleb (noroeste)”.
Outro relatório confirmou o uso de gás mostarda em 21 de agosto em Marea, uma cidade da província de Aleppo (norte), levando, “muito provavelmente”, à morte de uma criança.
Os investigadores da Opaq já haviam estabelecido em setembro de 2014 que o cloro havia sido usado como arma química, de modo “sistemático e contínuo”, em Kafr Zeta (província de Hama, centro), Al-Tamana e Tal Minnis (em Idleb).
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Em relação ao ataque a Idleb, em março a 2015, Foley destacou que as testemunhas interrogadas notaram a presença de helicópteros. “Apenas o regime sírio dispõe dessas aeronaves”, afirmou ele.
“Uma única conclusão é possível: o regime sírio continua a utilizar armas químicas contra seu próprio povo”, acrescentou, ressaltando que Damasco “não hesitará em recorrer a essas táticas, porque elas servem a seus objetivos cínicos”.
Foram nessa mesma linha as declarações do representante da União Europeia na Opaq, Pierre-Louis Lorenz, na reunião.
Lorenz voltou a apontar “contradições não resolvidas” na lista de armas e de instalações de armas químicas fornecida pelo governo Bashar al-Assad, quando a Síria aderiu à Opaq em 2013.
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Segundo os Estados Unidos, a não resolução dessas questões “faz ressurgir o fantasma dos arsenais escondidos de agentes químicos conservados pela Síria”.
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