Quando Sherean Malekzadeh Allen soube da gravidez, aos 43 anos, estava casada há dois, e já havia passado por dois abortos. Não tinha mais esperança de ter um bebê. Ao receber a notícia, poderia ficar muito feliz, mas ocorreu o contrário. Sherean ficou imobilizada pelo medo, teve náuseas e mergulhou em uma depressão. Encarou um dilema complexo: usar remédios fortes que poderiam prejudicar a formação do bebê ou lutar sem medicamentos e prejudicar o filho de outras formas?
Continua depois da publicidade
– Com qualquer coisa que se ingere durante a gravidez, você pensa: será que estou prejudicando o meu bebê? Será que está crescendo com um dedo a mais? -questionava-se Sherean.
Cerca de 25% das gestantes sofrem de depressão, e 12% usam antidepressivos durante a gravidez. Embora muitos desses remédios sejam aparentemente seguros, estudos recentes relacionam seu uso com um pequeno aumento no número de má-formações. Além disso, pode ocorrer a hipertensão pulmonar, que prejudica o fluxo de sangue nos pulmões, e até mesmo crise de abstinência após o nascimento.
Um estudo dinamarquês, publicado no British Medical Journal, afirmou haver ligação entre antidepressivos e o aumento de problemas cardíacos em bebês. Outra pesquisa afirmou que crianças com mães usuárias estavam mais suscetíveis a cuidados neonatais intensivos.
Com a polêmica, pesquisadores da Associação Americana de Psiquiatria e da Faculdade Americana de Obstetras e Ginecologistas decidiram rever os dados existentes e publicaram um artigo afirmando que a psicoterapia é o mais indicado nos casos leves ou moderados. Em quadros severos, os riscos dos antidepressivos são relativamente baixos.
Continua depois da publicidade
Mulheres com histórico de depressão ou que tomam antidepressivos precisam consultar um médico antes de engravidar. Só assim podem saber dos riscos para decidir se seguem ou não o tratamento medicamentoso.
– Não há como dar uma orientação geral a todas as pacientes – ressalta Kimberly Yonkers, professora da Escola de Medicina de Yale.
Sherean recorda que precisava de tratamento intenso e decidiu, aflita, tomar a medicação. Hunter nasceu perfeito, pesando três quilos, em novembro de 2008.
– Ele é feliz, saudável e adorável.
Os riscos da medicação
> Aumento no número de problemas cardíacos nos bebês. Ainda assim, o risco absoluto é pequeno (menos de 1%), e o problema geralmente se resolve naturalmente.
Continua depois da publicidade
> O uso nas últimas semanas de gravidez pode aumentar em até seis vezes a incidência de hipertensão pulmonar, causando problemas respiratórios sérios.
> De 15% a 30% dos bebês sentem a ausência da droga após o nascimento. Entre os sintomas, que duram cerca de duas semanas, estão irritabilidade, choro fraco ou ausência de choro, dificuldade para respirar, hipoglicemia e temperatura instável.