O Uruguai anunciou nesta segunda-feira a normalização da exportação de produtos lácteos ao Brasil, depois de uma divergência resultante da decisão de Brasília de bloquear a entrada desse tipo de produto uruguaio no país.
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A chancelaria uruguaia informou em um comunicado que uma circular do Ministério da Agricultura brasileiro datada de 3 de novembro “restabeleceu os procedimentos normais para a importação de leite e seus derivados procedentes do (…) Uruguai”.
A notícia era muito aguardada pelos produtores uruguaios.
O Brasil decidiu bloquear em outubro de forma unilateral a entrada de produtos lácteos uruguaios a seu mercado, depois de acusar seu parceiro comercial no Mercosul de triangular a produção (comprar de terceiros para exportar).
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A resolução gerou um profundo mal-estar no governo uruguaio, que explicou que pelos volumes de lácteos importados pelo Uruguai seria impossível recanalizá-los e cobrir a demanda do imenso mercado brasileiro.
O governo de Tabaré Vázquez disse que a decisão brasileira violava normas internacionais e levaria seu país a “revisar totalmente” a relação comercial com o Brasil.
O chanceler uruguaio, Rodolfo Nin Novoa, e o ministro da Agricultura e da Pecuária, Tabaré Aguerre, lideraram as negociações com o Brasil para a suspensão da medida e apontaram que Montevidéu avaliava recorrer a “órgãos de solução de controvérsias” dentro do Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai) e da Organização Mundial de Comércio (OMC).
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O Uruguai chegou a anunciar que tomaria medidas equivalentes enquanto persistisse a barreira brasileira à entrada dos lácteos uruguaios.
O problema levou à comunicação formal entre os presidentes Vázquez e Michel Temer, que, segundo a presidência uruguaia, reforçou “seu compromisso pessoal de que não haverá inconvenientes na entrada de produtos lácteos uruguaios no Brasil”.
No entanto, a questão ainda não foi resolvida.
No Uruguai, a medida foi interpretada como uma tentativa do ministro da Agricultura brasileiro, Blairo Maggi, de impor cotas aos produtos lácteos uruguaios destinados ao mercado brasileiro.
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* AFP