Urubici é um dos municípios mais importantes para o turismo em Santa Catarina. Em 2011, a cidade tinha 290 empresas, sendo 42 do setor de hospedagem. Hoje, de acordo com o último censo do IBGE, ela conta com mais de 497 empreendimentos. Esse crescimento é um reflexo do rápido desenvolvimento do município e da procura pelo ecoturismo – modalidade que se preocupa em preservar o meio ambiente. Por isso, Urubici tem atraído visitantes de todas as regiões do país.
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Apesar da alta procura, muitos visitantes passam pela cidade muito rapidamente, deixando de se dedicar a conhecer com profundidade a cultura local. A verdade é que Urubici tem um número muito elevado de atrações turísticas e algumas estão distantes entre si, por isso, não dá para conhecer tudo em um dia. Para Sérgio José da Lima, guia turístico na região, o recomendado é uma estadia de três a cinco dias.
— Quando estou indo para o Morro da Igreja, faço Gruta Nossa Senhora de Lourdes, Morro da Igreja e Pedra Furada, Cascata Véu de Noiva, Cascata dos Namorados e Três Irmãs. Aí, vou na Serra do Corvo Branco, faço o Altos do Corvo Branco e a Pedra Furada. Acabou o dia — diz.
Por falta de informação sobre os pontos de visitação, o que fazer na cidade quando está chovendo ou sobre quais instituições estão regularizadas, muitas pessoas acabam tendo uma experiência incompleta. Para resolver o problema, a secretaria está elaborando um catálogo virtual com pousadas, restaurantes e pontos turísticos, que poderá ser acessado no portal do Fecam. O material ainda está em desenvolvimento.
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Além do conhecimento sobre as melhores rotas, Sérgio Lima destaca a importância de contratar guias turísticos para orientar o passeio.
— Muitas pessoas fazem reservas nos atrativos, mas não são informados de que é preciso ter uma autorização do ICMBio para subir no Morro da Igreja. O guia de turismo tem autorização para subir uma vez ao dia. O local onde se consegue a autorização abre às 8 da manhã, e, às vezes, às 8:15 da manhã já não tem mais vaga. Aqueles que estão sabendo, estão de olho. Mas a maioria esquece. Aí já está lotado. Neste momento, as pessoas acabam procurando o guia. Meu trabalho é guiar o dia todo, para contar a história do começo ao fim — diz Sérgio.
Para contar um pouco mais sobre a história de Urubici que nem todo mundo conhece, o guia turístico compartilhou alguns fatos históricos e lendários por trás de cinco atrativos do município.
Serra do Corvo Branco
Localizada a 27 km do centro da cidade, a Serra do Corvo Branco liga a cidade de Urubici ao litoral catarinense. Hoje, é conhecida por sua beleza natural, mas essa estrada já viu muita coisa.
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Entre os séculos 18 e 20, o tropeirismo era uma atividade muito comum em Santa Catarina. Tropeiros eram cavaleiros que viajavam longas distâncias, percorrendo trilhas, desbravando matas e carregando itens essenciais para vilas, em direção ao interior do Estado. Tudo isso montando mulas e cavalos.
Antes da Serra do Corvo Branco ser construída, havia a Serra do Engenheiro. Ela era tão estreita, que havia um trecho por onde não passava mais de um cavalo por vez. Quem precisava passar por ali, costumava gritar, para conferir se ninguém estava vindo pelo outro lado. Se dois cavalos se encontrassem nesta passagem, era provável que um dos dois caísse no morro.

Em 1879, a colônia Grão Pará, um dos primeiros povoamentos do Estado, foi destituída. Com isso, muitas famílias subiam a perigosa Serra do Engenheiro a cavalo, juntamente com seus pertences. Em 1968, começou a construção da Serra do Corvo Branco. Doze anos depois, em 1980, foi inaugurada, e os cavalos deram vez aos automóveis.
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Sobre seu nome, há duas versões da história. A primeira faz referência a uma pedra, que tem formato de um corvo. Entre novembro e fevereiro, o sol nasce mais ao sul de Urubici. Durante esses meses, a pedra fica mais iluminada, favorecendo sua visualização.

A outra versão diz respeito ao urubu-rei, ave rara que pode pesar 5 kg e medir quase 1m de comprimento. Como a população local não conhecia o animal, acabaram chamando o urubu de corvo, nomeando a estrada.

2 – Igreja Matriz
Localizada no centro da cidade, a Igreja Matriz Nossa Senhora Mãe dos Homens começou a ser construída em 1965. Toda feita de concreto, teve sua primeira missa em 1973. Quem visita a igreja pela primeira vez se surpreende com a quantidade de portas no local. Isso se deve porque José Alberto Espíndola, padre que idealizou a construção, tinha um desejo de que a igreja estivesse de portas abertas para todas as regiões da cidade. É uma maneira simbólica de dizer que ali, todas as pessoas são bem-vindas, independentemente do bairro onde moram.

Falando em símbolos, este local está repleto de simbolismos que remontam a história da sua criação. Um exemplo disso são os auto-falantes que estão localizados no topo da igreja. Quando alguém morria na cidade, havia o costume de tocar o sino, para alertar a comunidade. Essa tarefa, no entanto, exige muito esforço físico, pois é preciso bater apenas um dos lados do instrumento.
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Por isso, as pessoas mais conhecidas acabavam tendo mais tempo de solenidade do que as pessoas anônimas. Buscando tornar o ato mais democrático, o padre José Espíndola teve a ideia de colocar os alto-falantes, que seriam responsáveis por alertar a comunidade sobre os falecimentos, incluindo seus nomes. Além das portas e dos auto-falantes, há muitos vitrais embelezando a atração.
Gruta Nossa Senhora de Lourdes
Antes, onde hoje é a Gruta Nossa Senhora de Lourdes, havia um cemitério indígena. De acordo com Sérgio Lima, quando uma mulher ou criança xoclengue morria, os caciques guerreiros faziam um círculo de três metros de diâmetro e realizavam uma cerimônia que durava sete dias, cantando e dançando enquanto cremavam o ente querido. No final desse período, amontoavam as cinzas e as colocavam dentro de um vaso cerâmico ou cesto de taquara.

Em 1915, os agricultores chegaram na região. Não sabendo do que se tratavam os amontoados de terra, confundiam as cinzas dos corpos cremados com cupinzeiros, muito comuns na região dos estados do Paraná e Mato Grosso. Assim, acabavam passando o trator por cima, para terraplanar a terra.
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Ainda de acordo com uma história popular, o local da cachoeira foi encontrado por uma agricultora local que havia perdido uma de suas vacas. A vaca estava grávida, e a mãe pediu que seu filho fosse procurar o animal. Era uma mata fechada. No primeiro dia, o filho voltou sem a localização do animal, mas revelou que havia escutado um barulho de cachoeira. No segundo dia, encontraram a vaca na cachoeira. Depois, decidiram criar uma gruta para homenagear a Nossa Senhora de Lourdes, pois, de acordo com os relatos das aparições da cultura católica, a santa havia aparecido em uma gruta.
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Hoje, o local é palco de uma missa mensal e de uma festa anual realizada pela comunidade, para arrecadar recursos e realizar melhorias na estrutura do atrativo.
Morro da Igreja
A cidade de Urubici está a 915 metros de altitude. No alto do Morro da Igreja, os visitantes podem chegar até a altitude de 1814 metros. A região mais alta, com 1822 metros, está restrita aos funcionários da Força Aérea Brasileira. Isso acontece porque no topo do Morro da Igreja, está localizado o Segundo Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo, o Cindacta II.

Antes da criação do Ministério da Aeronáutica, o Morro da Igreja sediava o Quinto Regimento da Aviação. Em 1982, quando a Argentina e o Reino Unido travaram o confronto aéreo da Guerra das Malvinas, foi criado o Cindacta. Sua missão é exercer a vigilância e o controle da circulação aérea brasileira.
No sul do país, existem três controladores de voo, um no Rio Grande do Sul, um no Paraná e outro em Urubici, o Cindacta II. Juntos, são responsáveis por controlar toda a aviação do sul do Brasil e parte da do Mato Grosso do Sul e do sul de São Paulo. Essas informações são enviadas para um bunker subterrâneo em Curitiba, onde são sistematizadas.
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Além disso, o Morro da Igreja é uma região de tríplice fronteira entre Bom Jardim da Serra, Urubici e Orleans. O conjunto do Morro da Igreja, faz parte do Parque Nacional de São Joaquim, criado em 6 de julho de 1961 para proteger as Unidades de Conservação da localidade, além de estimular a visitação pública.
Atenção: para visitar o Morro da Igreja, é preciso agendar no site do ICMBio.
Caverna Rio dos Bugres
Para chegar à Caverna Rio dos Bugres, os visitantes terão de enfrentar uma estrada de terra de 11 km. Chegando lá, vão se deparar com uma caverna que fica em meio à vegetação. Existem algumas teorias sobre sua formação. A primeira delas é a de que os tatus gigantes tivessem feito buracos. Esses animais gigantescos já estão extintos, e teriam vivido na região há mais de 10 mil anos.
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A segunda hipótese é a de que algumas comunidades indígenas tenham usado a caverna como um lugar estratégico para se esconderem e caçarem os animais que fossem beber água nas redondezas.

Por fim, a última teoria é a de que um vulcão teria entrado em erupção, e a lava teria feito as aberturas nesta caverna. Posteriormente, a população indígena a teria usado como moradia.
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Além da história local
Urubici ainda possui muitas opções de restaurantes, onde é possível degustar a culinária local, vinhos regionais ou curtir o pôr do sol em um piquenique regado à champagne.
No verão, o clima é ameno, propício para a prática de ciclismo, corrida amadora, motocross e esportes radicais como tirolesa, voo livre, salto de pêndulo, trilhas, cavalgadas, além de banhos de cachoeira e outras atrações.
Como a cidade oferece muitas opções de acomodação, é importante que quem visita a cidade se certifique de que o lugar onde se instala seja uma hospedagem regularizada. Isso é essencial para assegurar que os visitantes não caiam em golpes. Dessa maneira, terão a segurança de que estão se hospedando em um local confiável, que oferece um serviço de excelente qualidade, onde o conforto será garantido.
Para conhecer algumas das instituições regularizadas, é possível conferir uma lista no site da prefeitura.
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