A urbanista Helle Soholt comprova que é possível promover bem-estar, por meio do design urbano e planejamento estratégico. Principal dirigente do escritório de arquitetura Gehl – que realiza consultoria por todo o mundo -, a dinamarquesa propõe cidades mais humanas, levando em conta, inclusive, o incentivo ao uso de meios de transporte sustentáveis e as culturas locais.

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Em entrevista ao Diário Catarinense, por telefone e por e-mail, ela detalhou essas propostas. Na primeira viagem que faz ao Brasil, Helle Soholt passará por Palhoça, onde fará uma palestra.

Para participar do encontro, às 11h de hoje na Cidade Sustentável Pedra Branca, é preciso confirmar presença pelo telefone (48) 3086-9700 ou pelo e-mail contato@cidadepedrabranca.com.br.

Diário Catarinense: Como seria a cidade ideal para você?

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Helle Soholt: A cidade ideal, para mim, teria espaços públicos, com as pessoas vendo as ruas como a sala de estar delas. Na cidade ideal, haveria estrutura para as pessoas escolherem qual a modalidade de transporte desejariam usar. Ela deveria ser desenhada para com áreas verdes, agradáveis e inspiradoras, para que as pessoas sejam bem-vindas nelas e queiram realizar mais atividades nas ruas. Essa cidade também seria segura para se usufruir dessa liberdade à noite.

DC: Você acha que seria possível aplicar esses ideais no Brasil?

Helle: É possível em qualquer parte, tudo é uma questão de prioridades. O Brasil tem uma cultura forte e uma vida urbana, o que aconteceu foi que, nos últimos 20 anos, houve um crescimento muito grande no tráfego de carros, sem se desenvolver muitos espaços para se caminhar. Mas eu ainda acho que isso é possível.

DC: E em uma cidade como Florianópolis, que tem a maior parte em uma ilha?

Helle: Eu não conheço a cidade, mas na Europa as ruas são bem estreitas e é possível fazer um trabalho combinando as diversas opções de transportes e proibindo o acesso de carros. A essência é tornar os espaços com um uso melhor.

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DC: Algumas medidas que você propõe não são muito aceitáveis pelas pessoas que usam carros. Como você vê essa questão?

Helle: Não é um direito humano dirigir um carro, mas deveria ser um direito humano viver e caminhar como um homem livre. Algumas ruas deveriam ser apenas para pedestres, quando isso fizer sentido. Ruas com vizinhanças próximas deveriam ter o tráfico reduzido e ruas maiores deveriam ter infraestrutura para pedestres e ciclistas. As regiões centrais não deveriam dar acesso para carros, só para pessoas.

DC: Como fazer para que essas medidas sejam mais aceitáveis?

Helle: É preciso que haja o investimento em pesquisa e em levantamentos, para saber quais são as necessidades das pessoas. Quando elas percebem que há estrutura para que possam andar de bicicleta, por exemplo, elas vão pedalando para o trabalho até no inverno.

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