O secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, garantiu nesta quinta-feira que a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do conjunto de favelas do Alemão começará a ser instalada em março de 2012.

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Em entrevista à Rádio CBN, o secretário explicou que deverá ser usado efetivo de 2,2 mil homens, que serão mobilizados de forma gradativa. Seriam nove bases administrativas na região, além das bases comunitárias.

– Claro que há previsão para essa instalação (da UPP no Alemão) a partir de março. Quinhentos homens em março, 500 em abril, 500 em maio e 700 em junho. Mas a manutenção do Exército naquela área, no nosso entendimento, é muito maior que isso – disse o secretário.

Beltrame justificou que o Exército “ajudou e está ajudando”, por isso não há motivo para se desfazer dessa parceria.

– A permanência lá (do Exército) nos permite devolver policiais para o interior, nos permite fazer alguns remanejamentos, botar essas tropas em estágio em outras UPPs e atender o Alemão a partir de março dentro desse cronograma – completou o secretário.

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Beltrame salientou que o problema na região vem de décadas e a solução seria a ocupação definitiva.

– Enquanto isso não ocorre, a gente procura remanejar o pessoal para que haja uma ocupação pelo menos temporária. A solução é a permanência 24h da polícia dentro disso. Não se pode fazer tudo ao mesmo tempo. A gente tem um cronograma e está cumprindo – salientou – O problema é complexo, mas é absolutamente necessário de que se toque nessas questões. São 30 ou 40 anos, e não vamos dizer que no próximo Natal estará tudo resolvido. Eu entendo que nós teremos percalços, mas existe um plano. Em certas áreas onde nós entramos acabou o tráfico – concluiu.

> Tráfico está “usando” moradores do Rio, diz

Exército sobre tiroteio no Complexo do Alemão

Na última terça-feira, o clima voltou a ficar tenso com intenso tiroteio no Complexo do Alemão. A segurança na região foi reforçada no dia seguinte.

(Foto: Wilton Junior/Agência Estado)

Foto: Wilton Junior/Agência Estado

Dez meses após a ocupação na região, as reclamações ainda são frequentes. O Exército alega que alguns moradores estão sendo usados pelos traficantes. Enquanto isso, a população quer trocar os soldados pela Polícia Pacificadora.

O comandante militar do Leste, general Adriano Pereira Junior, vê uma “orquestração” criminosa nas ações verificadas desde domingo.

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– Estávamos envolvidos na investigação do que aconteceu, quando ocorreu a invasão – afirmou.

Referindo-se à ação de quatro militares que tentavam deter dois jovens vendendo drogas em um bar, o general entende que houve um erro.

– Ali começou o erro, (que foi) não perceber que se tratava de uma armadilha – disse, ao atribuir o episódio a uma estratégia do tráfico.

O comandante também classificou como “uma trama” o relato feito por uma mulher à imprensa dizendo que sua sobrinha havia sido morta durante o tiroteio.

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– Procuramos em todos os hospitais a noite toda. Isso foi plantado para piorar o clima.

Moradores clamam por UPP:

O estudante Rene Silva Santos, de 17 anos, morador do Alemão que ganhou notoriedade durante a ocupação de novembro, narrada pelo Twitter, relatou a ação do tráfico anteontem pelo microblog, contou que os moradores voltaram a sentir um medo que já lhes parecia superado.

Hoje (quarta-feira), já está tudo normal, mas à noite deu para ouvir bem os tiros“, escreveu.

Na comunidade, os moradores se dividem entre os que culpam a truculência por parte dos soldados e os que acreditam que uns poucos estão agindo sob influência dos traficantes. Só há um consenso: todos querem que a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) substitua o Exército.

Uma faixa exibida por um morador dizia:

Chega de Exército, queremos UPP

A instalação de uma UPP no Alemão, prevista para o primeiro semestre deste ano, foi adiada, na semana passada, para junho do próximo ano. Na quarta-feira, o dia foi mais tranquilo.

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Para alguns moradores, os policiais de UPPs saberiam lidar melhor com a comunidade.

– Eles (soldados da Força de Pacificação) não estão preparados. Nos abordam só na base da força. Ao invés de chegarem com arma, por que não dão um tapinha no braço – disse o auxiliar administrativo Leandro Henrique Silva, de 22 anos.

Deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL-RJ) exibe cartaz que moradores da favela da Grota, uma das comunidades do Complexo de Favelas do Alemão

(Foto: Wilton Junior/Agência Estado)

Foto: Wilton Junior / Agência Estado

Tiroteio de terça-feira foi registrado por internauta: