Está chegando ao fim um dos casamentos mais inusitados da política catarinense. O governador Raimundo Colombo (PSD) recebe na manhã desta quinta-feira a presidente estadual do PCdoB, Angela Albino, e deve ouvir dela que o partido vai deixar a administração estadual. Não é uma grande surpresa, até porque os seis cargos comissionados do partido na Secretaria de Assistência Social já haviam sido exonerados pelo secretário Valmir Comin (PP). Simbolicamente, é um movimento interessante.
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O apoio do PCdoB à reeleição de Colombo – e a consequente participação da gestão – foi fruto da aliança política entre o governador catarinense e a ex-presidente Dilma Rousseff (PT). A presença dos comunistas na coligação de 12 partidos era uma forma de explicitar essa relação, porque o PT estadual tinha candidato próprio. A presença na chapa governista garantiu ao PCdoB a manutenção de uma cadeira na Assembleia (Cesar Valduga), e a segunda suplência na Câmara dos Deputados para Angela Albino. A líder comunista, num primeiro momento, ocupou a Secretaria de Assistência Social até que um acordo que envolveu o deputado federal Cesar Souza (PSD) lhe conferiu uma vaga em Brasília. Sem Angela no secretariado, o principal cargo do partido passou a ser a Secretaria Executiva de Políticas de Combate a Fome, com o blumenauense Arnaldo Zimmermann.
Colombo vai tentar manter o PCdoB no governo. Semana passada, acenou com o comando da Fundação Catarinense de Educação Especial (FCEE). A direção estadual do partido entende que é hora de encerrar o ciclo e começar a projetar a próxima eleição. Fim de ciclo é a expressão da moda entre lideranças política catarinense, aliás.
Na prática, o governo pouco deve sentir a ausência do PCdoBo. Discreto no mandato, Valduga não vota sistematicamente com os governistas, mas também não faz oposição. Fora da máquina, os comunistas vão tentar reconquistar o diálogo com o eleitor de esquerda que não entendeu a adesão ao projeto pessedista.
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É curioso lembrar que em 2014 havia quem defendesse que o PT fosse integrado a aliança de Colombo, lançando o candidato ao Senado. O maior defensor dessa costura era nada mais, nada menos do que Luiz Henrique da Silveira (PMDB), o arquiteto da tríplice aliança. Passados apenas três anos e um impeachment, o cenário não tem mais o senador falecido em 2015, o PT é quase um pária eleitoral no Estado – nenhum dos grandes partidos pensa em coligar com ele – e os seis cargos comissionados do PCdoB no governo eram o último vestígio do passado dilmista de Raimundo Colombo.