Existem diversas formas de contabilizar desempenhos eleitorais. Nesta eleição municipal, as fórmulas mais utilizadas foram as dos números de prefeitos eleitos e a da soma da população das cidades que serão governadas por eles. Elas mostram o poder de fogo das legendas, mas não são suficientes para apontar o tamanho das bases partidárias – deturpadas pelas coligações em um caso, por juntar eleitores que votaram candidatos adversários em outra.
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Um leitor com décadas de experiência na política catarinense, como participante e espectador, fez uma sugestão interessante: o voto de cada partido para vereador nas 295 cidades catarinenses. Os candidatos às câmaras municipais são as células da estrutura partidária. Nesse critério, os resultados do primeiro turno das últimas eleições têm a óbvia liderança do PMDB. Os candidatos a vereador do partido, eleitos ou derrotados, tiveram 21,41% dos votos catarinenses. Em segundo lugar, praticamente empatados, PSD e PP foram os preferidos de 14,18% e 13,82% do eleitorado. Um número que ajuda a explicar a estratégia de Gelson Merisio (PSD) de ter o PP como aliado preferencial nessa tentativa de criar uma nova aliança que exclua o PMDB. Somados, os partidos superam os peemedebistas na base: 28% dos votos.
Essa espécie de vereadorômetro também mostra o crescimento do PSDB, aferido nos outros métodos. Ainda é o quarto partido do Estado, mas os 11,5% dos votos os aproximam dos demais. Com um ponto fundamental: os tucanos só perdem para o PMDB em votos de legenda. Em outro pelotão, o trabalho capitaneado pelo ex-deputado federal Paulo Bornhausen no comando do PSB também aparece. O partido ficou em quinto em votos para vereador, com 6,14%. Está um pouco a frente do PT. Aliás, os petistas empataram percentualmente com o PR, com 5,94%. Em votos totais, o PT ficou apenas 224 votos à frente do PR do deputado federal Jorginho Mello (PR), outro com trabalho consistente desde que assumiu a sigla. Os candidatos do PR foram melhor que os petistas, que ainda levam vantagem no voto de legenda.
Lipoaspiração
O levantamento dos votos para vereador também aponta para a urgência de uma reforma política que reduza o número de partidos políticos. Das 33 siglas que participaram da eleição em Santa Catarina, 87% dos votos estão concentrados em apenas 10 partidos – PMDB, PSD, PP, PSDB, PSB, PT, PR, PDT, DEM e PSC. As 10 legendas menos votadas somaram 37 mil votos para vereador – menos de 1% do eleitorado. Ou seja, só existem para a Justiça Eleitoral e o Fundo Partidário.
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Exemplo do Paraná
Ex-deputado estadual e ex-prefeito de Rio do Sul, Jailson Lima deixou o PT por discordar do rompimento da aliança com o prefeito Garibaldi Ayroso (PMDB) e lançamento da candidatura própria de Jean de Liz (PT). Ambos acabaram derrotados por José Thomé (PSDB). Jailson deve continuar na política e namora com o PMDB. Pensa em ser “Roberto Requião de Santa Catarina” – em referência ao senador paranaense sem papas na língua e que volta e meia discorda do próprio partido.