O PMDB catarinense levou a melhor na batalha do segundo turno das eleições municipais e agora, como todo vencedor de batalhas, terá o direito de dividir o espólio entre seus generais – também conhecidos como pré-candidatos ao governo do Estado. Os peemedebistas sabem que não poderão estender por muito tempo essa condição de três ou quatro nomes e que 2017 é a hora de colocar o bloco na rua com alguém pintado no estandarte.

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Politicamente, todos os postulantes do partido ao projeto de 2018 têm algo a comemorar e algumas ressalvas oriundas do primeiro turno. Presidente estadual da sigla e deputado federal, Mauro Mariani é beneficiado pela vitória de Udo Döhler em Joinville, principal cidade de sua região, mas viu aliados serem derrotados em cidades de sua base política – especialmente Rio Negrinho, onde foi prefeito. O senador Dário Berger tem em seu legado de obras em Florianópolis o grande dique de Gean Loureiro para conter a onda de Angela Amin (PP) que quase virou uma eleição impossível.

O vice-governador Eduardo Pinho Moreira é o aliado preferencial de Gean e fiador de sua ampla aliança, mas também enfrentou derrotas em sua base no Sul do Estado, especialmente Criciúma. Ao reeleger-se, Udo Döhler entra no time como principal vencedor do PMDB em um eleição essencialmente peemedebista, mas tem contra si os 74 anos de idade e ter um vice-prefeito eleito, tenente-coronel Nelson Coelho (PMDB), inexperiente para assumir a maior cidade do Estado.

O jogo começa a se afunilar agora. Na tarde de ontem, ao vivo na rádio CBN/Diário, Dário Berger disse que não pretende ser candidato a governador em 2018. Citou Pinho e Udo – “deixaram o Alemão pegar gosto pela política” – mas disse que apoia Mariani, velho aliado de disputas internas do PMDB catarinense. Pode ser estratégia, pode ser junção de forças para se contrapor a Pinho Moreira, que se movimenta discretamente desde que deixou a presidência do partido, mas ainda tem muito trânsito nos bastidores.

Mais do que uma guerra entre PMDB e PSD, o que se trava no momento é uma partida de xadrez. Nesse contexto, o enxadrista peemedebista é justamente o vice-governador. O adversário continua sendo Gelson Merisio, presidente da Assembleia Legislativa e do PSD-SC. Pinho Moreira venceu a partida e já arma a próxima jogada, nacionalizando a disputa através do apoio ao presidenciável tucano Geraldo Alckmin.

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Ontem, na Assembleia, Merisio disse que as derrotas não mudam em um milímetro a disposição do PSD de ter candidato ao governo em 2018. Admite as derrotas em Blumenau, Joinville e Florianópolis, mas diz que foram eleitorais e não políticas. Que cabe aos eleitos cumprirem as promessas e aos derrotados, cobrá-las. O tabuleiro está armado para mais uma rodada.

Suplentes tristes

Até os 44 minutos do segundo tempo, as eleições municipais estavam sendo um desastre completo para os deputados estaduais que tentaram virar prefeitos este ano. Já no primeiro turno haviam sido derrotados Cesar Valduga (PCdoB), Cleiton Salvaro (PSB), Leonel Pavan (PSDB), Luciane Carminatti (PT) e Mário Marcondes (PSDB). No domingo, foi a vez dos pessedistas Darci de Matos em Joinville e Jean Kuhlmann em Blumenau. No fim, Gean Loureiro (PMDB) salvou a honra parlamentar em Florianópolis. Quem agradece é o suplente Luiz Fernando Vampiro (PMDB), afilhado político do vice-governador Eduardo Pinho Moreira (PMDB), também base em Criciúma.