Diferentemente das eleições de 2008 e de 2012, o PCdoB decidiu ficar neutro no segundo turno de Florianópolis. O partido da deputada federal Angela Albino (PCdoB), quinto lugar na disputa com 4,2% dos votos, avaliou que as candidaturas de Angela Amin (PP) e Gean Loureiro (PMDB) se revezaram no poder na cidade nos últimos 20 anos e seus partidos apoiam o governo do presidente Michel Temer (PMDB). Presidente estadual do partido, Angela Albino concorreu pela terceira vez consecutiva à prefeitura e teve nesta eleição seu pior resultado. Em 2008 teve 12,5% dos votos e chegou a 25% em 2012, beliscando uma vaga no segundo turno. Desta vez, foi ultrapassada por Elson Pereira (PSOL) nos confronto das esquerdas. Na conversa, ela avalia o cenário político e projeta seu futuro e o da sigla.
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Em 2012 a senhora ficou neutra, mas o PCdoB indicou apoio a Gean Loureiro. A mudança é por causa do contexto nacional?
O fato de Gean estar com o PSDB de vice (João Batista Nunes) e o PMDB ter o papel que tem hoje no cenário nacional muda nossa relação com o partido. Embora a figura humana permaneça a mesma, nossa relação com o partido muda drasticamente.
Que leitura a senhora fez desse primeiro turno em que teve um resultado tão aquém das eleições de 2012 e 2008?
A gente vai ter bastante tempo ainda para entender melhor o que acontece. Claro que me preocupa, claro que tem um aspecto de frustração. Mas também tem a parte de que é um resultado nacional, do PT, do PCdoB, do nosso campo de esquerda que defendeu legado de Lula e Dilma. Esse campo sofreu um revés em todo o Brasil.
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O que o crescimento do PSOL em Florianópolis representa para PCdoB e PT, os partidos mais tradicionais da esquerda?
A reflexão mais importante disso é que em 2012 teríamos ido ao segundo turno se estivéssemos juntos e em 2016 o cenário se repete. Há duas forças muito semelhantes que foram para o segundo turno e não há uma proposta alternativa porque nosso campo se dividiu mais uma vez.
Pessoalmente, a senhora enfrenta um desgaste à esquerda por causa do apoio a Raimundo Colombo (PSD) em 2014 e é rejeitada pelo eleitor conservador por ser do partido comunista. Como que a senhora fica agora?
(risos) Para a direita eu sou comunista e para esquerda eu não sou comunista o bastante. É parte do dilema do nosso tempo. A gente faz política ampla. Nacionalmente, em vários lugares, não segmentamos nossas alianças apenas no campo da esquerda tradicional. Como quase ninguém. Mesmo o PSOL aqui fez uma aliança com o PV, que tem Sarney (Sarney Filho) ministro do governo Temer. Exceto talvez o PSTU nenhum partido pode alegar essa pureza.
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Seu plano é concorrer à reeleição como deputada federal?
É muito possível que a reforma eleitoral para 2018 acabe exigindo de todos os quadros do partido que saiam candidatos a deputado federal. Sem coligação e com cláusula de barreira, vamos ter que investir muito nisso. Não vai adiantar ter deputado estadual e o partido não sobreviver.