Em outubro, as eleições municipais levaram 4,3 milhões de catarinenses às urnas no primeiro turno e 918,9 mil em Joinville, Florianópolis e Blumenau na segunda votação. Fechadas as urnas, contados os votos, festejados ou amargados os resultados, os olhos da política catarinense se voltam para uma outra eleição com eleitorado infinitamente menor: os 40 deputados estaduais que escolherão o futuro presidente da Assembleia Legislativa em fevereiro do ano que vem.
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Embora desde 2004 as disputas tenham sido definidas por unanimidade, esse consenso entre os partidos é construído nos bastidores com todos os requintes de uma verdadeira eleição, inclusive as rivalidades políticas e os efeitos sobre disputas maiores. Nas últimas semanas, em uma espécie de armistício, o PSD do atual presidente Gelson Merisio e o PMDB elaboraram uma solução salomônica. O PP do aliado pessedista teria um ano de mandato com Silvio Dreveck e o outro seria exercido por Aldo Schneider (PMDB), ponta de lança da pré-candidatura do deputado federal Mauro Mariani (PMDB) ao governo em 2018.
A engenharia interrompeu a articulação de Merisio que faria a divisão do mandato entre PP e PSDB, visando a composição com os dois em 2018 em torno de seu nome. Dois fatores atrapalharam: os tucanos não se entenderam entre indicar Marcos Vieira ou Leonel Pavan, ao mesmo tempo em que os peemedebistas foram ao governador Raimundo Colombo (PSD) dizer que entenderiam a composição como um rompimento. No fim das contas, o acerto privilegia o único pepista palatável ao PMDB, que é Dreveck, e o único peemedebista que dialoga com Merisio, que é Schneider.
O acordo ainda precisa chegar inteiro até fevereiro e vai ser torpedeado. Os tucanos esperavam outro tipo de tratamento, especialmente do PSD, após o crescimento nas eleições registrado este ano. A geografia das urnas deixou claro que quem trouxer o PSDB para sua coligação em 2018 estará muito perto da vitória. Se for Merisio, ele conseguiria formar uma nova tríplice aliança, isolando o PMDB. Se os tucanos marcharem com Mariani, Eduardo Pinho Moreira, Udo Döhler, Dário Berger, seja qual for o nome peemedebista na disputa pelo governo estadual, a chapa se robustece e ganha a força da candidatura presidencial do PSDB no palanque. É por isso o acordo que excluiu o PSDB da mesa diretora não está sendo digerido tão facilmente no partido. Há quem entenda que a sigla deveria estar sendo paparicada.
Os resultados mais adiante vão definir quem tem razão. Certo é que Merisio assume um risco ao aceitar que o PMDB acumule a presidência da Assembleia e o governo em 2018, quando Pinho Moreira herda o cargo de governador com a renúncia de Colombo. Hoje, tendo a Comissão de Constituição e Justiça nas mãos, os peemedebistas já conseguem parar o governo – pelo menos quatro projetos apresentados pelo Centro Administrativo entre setembro e outubro estão parados lá sem ter ao menos relator designado. Como será com as duas principais canetas do Estado nas mãos?
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