Quem conhece bem o governador Raimundo Colombo (PSD) diz que ele se sente confortável arbitrando disputas internas das coalizões políticas que lidera. Bom de conversa, o pessedista ouve com atenção, fala o que o interlocutor quer ouvir, promete providências e assim posterga o assunto até a próxima briga. Nessa lógica, Colombo deve estar bem confortável neste final de ano com as rusgas públicas entre Gelson Merisio (PSD) e Eduardo Pinho Moreira (PMDB).

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Merisio deixa a presidência da Assembleia Legislativa em fevereiro e vai assumir em tempo integral as roupas e as armas de pré-candidato a governador a partir de 2017. Encerra o ano pregando o fim do ciclo da aliança entre pessedistas e peemedebistas que governa o Estado desde 2006 – considerando que os ex-pefelistas estavam com Esperidião Amin quando Luiz Henrique da Silveira (PMDB) chegou ao poder em 2002.

Pinho Moreira, por sua vez, joga com a cautela de quem tem rivais internos na disputa pela vaga de candidato do PMDB em 2018 – Mauro Mariani, Dário Berger, Udo Döhler. Sabe que terá como principal trunfo a caneta de governador em suas mãos no último ano de governo, quando Colombo deve renunciar para concorrer a senador. Diz que Merisio faz provocações ao PMDB, mas que já em 2014 tentou afastar o partido, sem sucesso.

Nessa disputa inicial, Colombo manda sinais a ambos os aliados. Neste final de ano, os mais concretos foram dados em direção a Merisio. O principal deles é o convite para o PP integrar o secretariado de governo, reforçando a estratégia do parlamentar pessedista de atrair o principal antagonista do PMDB para sua órbita. Logo após as eleições, Colombo foi enfático ao dizer que não impediria o PSD de ter candidatura própria a governador. Mesmo assim, consegue manter a boa relação com Pinho Moreira, que vê nele disposição de retribuir o apoio que o PMDB lhe deu em 2006 para concorrer ao Senado e nas duas eleições para governador.

O mais interessante na consolidação de uma disputa Merisio/Moreira é que ambos são os principais enxadristas de bastidores em seus partidos. Jogam, cada um em seu estilo, para construir a eleição de 2018. Colombo, por enquanto, assiste ao jogo. Uma hora terá que interferir.

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