Faz tempo que o jogo do poder em Santa Catarina não passa por Blumenau. Mais precisamente desde 1990, quando Vilson Kleinübing (PFL) foi eleito governador após um ano e meio de mandato como prefeito da cidade. Um caso único na história política do Estado: um político já consolidado e com origem em Videira que mudou o domicílio eleitoral para Blumenau após ter bom desempenho no município na eleição anterior para governador.

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Desde então, a terceira cidade mais populosa do Estado ficou fora das principais vagas majoritárias estaduais – como se fosse menos importante no tabuleiro político que a Florianópolis dos Amin, a Joinville de Luiz Henrique, a Criciúma de Pinho Moreira e a Lages de Colombo. A reeleição de Napoleão Bernardes (PSDB) como prefeito em outubro do ano passado pode ajudar a mudar esse cenário.

Inicialmente, as lideranças do PSDB estadual eram cautelosas sobre a possibilidade do blumenauense ser candidato em 2018, abrindo mão de mais da metade do segundo mandato. Pelo que se viu no final de semana, com declaração pública do deputado federal Marco Tebaldi (PSDB) incluindo o prefeito na lista, os tucanos estão revendo esse conceito.

Na fila tucana, a ficha um é o senador Paulo Bauer – segundo colocado na disputa pelo governo em 2014 com cerca de 30% dos votos. A presença do blumenauense tanto pode valorizar a defesa da candidatura própria como abrir opção para a composição. Se perguntado, Napoleão é enfático ao dizer que Bauer é o pré-candidato do partido. Mas o prefeito também é enfático quando diz que chegou a hora do Vale do Itajaí entrar na chapa majoritária das principais candidaturas, mesmo que não na cabeça-de-chapa.

Curiosamente, Napoleão é hoje considerado o vice dos sonhos dos postulantes de outros partidos ao governo estadual. É jovem, experiente, bom de urna e de televisão. Não é à toa que Eduardo Pinho Moreira (PMDB) reservou parte de sua interinidade como governador – Raimundo Colombo (PSD) ainda está na China – para visitar Blumenau e encontrá-lo hoje. Para compor com os tucanos, os peemedebistas oferecem a vaga de vice e uma de senador.

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Napoleão diz estar lisonjeado com a lembrança de seu nome para concorrer, mas garante estar focado na administração municipal e que sua principal missão partidária em 2018 é trabalhar pela vitória do presidenciável tucano na região. Nesse ponto, inclusive, evita declarar preferência – cita Aécio Neves, Geraldo Alckmin e João Dória como bons nomes.

Essa terceira citação chama atenção. Embora não seja um outsider na política, como era até o ano passado o hoje prefeito paulistano Dória, de todos os nomes colocados até agora no xadrez político do Estado, Napoleão é o que tem mais chances de se parecer com renovação.