O prefeito Gean Loureiro (PMDB), de Florianópolis, sabe o que é ser suplente. Em 2011, renunciou ao quinto mandato consecutivo como vereador da Capital para assumir uma vaga na Câmara dos Deputados depois de ter alcançado a terceira suplência na disputa eleitoral do ano anterior. Uma vaga frágil, sempre sujeita aos humores dos parlamentares titulares e aos arranjos políticos daquele primeiro ano de governo de Raimundo Colombo (PSD).
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Na época, Gean ficou quase um ano em Brasília e acabou precisando deixar o posto na primeira reforma de secretariado estadual. Assumiu uma vaga na equipe do então prefeito Dário Berger (PMDB) e continuou seu projeto de concorrer a prefeito em 2012. Derrotado e sem perspectiva de assumir novamente a vaga em Brasília, acabou na presidência da Fatma – onde permaneceu até a campanha que lhe daria novamente um mandato, o de deputado estadual, em 2014.
Era lógico que o ex-suplente Gean Loureiro teria um olhar especial para a categoria. Quando montou um exército de 207 candidatos a vereador de 15 partidos para apoiá-lo na eleição do ano passado, era evidente boa parte dos não-eleitos acabaria na gestão. Faz parte do estilo do peemedebista – um construtor de partidos (o seu e o dos aliados). A nomeação de 39 candidatos a vereador para cargos na prefeitura, número que deve aumentar nos próximos dias, confirma uma tendência apontada na campanha. Em um momento de descrédito da classe política, Gean apostou em empatia, lealdade e construção de base política e premiou boa parte de seu exército eleitoral com cargos na gestão. Uma decisão ao mesmo tempo ousada e temerária.
Em entrevista, Gean minimizou o número de nomeados. Cerca de 18% do número de candidatos seria um percentual tolerável. Reclamou que não se deve proibir a política e que os nomes representam segmentos da sociedade. São argumentos de certa forma válidos, mas é difícil negar o exagero quando se confrontam as nomeações do peemedebista de Florianópolis e a de seus colegas de Joinville e Blumenau.
No maior colégio eleitoral do Estado, Joinville, Udo Döhler (PMDB) tinha 168 candidatos a vereador na coligação de oito partidos que lhe deu a reeleição. Destes, apenas sete foram com ele para a prefeitura – apenas um deles, o eleito Roque Mattei (PMDB), para o secretariado. Em Blumenau, Napoleão Bernardes (PSDB) foi reeleito com uma tropa de 86 candidatos a vereador de 12 legendas. Apenas cinco suplentes foram nomeados pelo tucano – e nenhum parlamentar eleito virou secretário. Neste momento, Udo e Napoleão parecem mais afinados ao Brasil de 2017.
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