O governador Raimundo Colombo (PSD) não poderia ter escolhido lugar melhor para mandar um recado claro ao PMDB de que não se sente obrigado a apoiar uma candidatura do atual aliado à sua sucessão em 2018. O encontro de lideranças do PSD e do PSB, na noite de quarta-feira em Florianópolis, deve ter evocado lembranças de comícios do PFL — antigo partido do governador que teve suas principais lideranças redistribuídas entre os dois partidos em Santa Catarina.

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Foi nesse contexto que Colombo disse as palavras que o deputado estadual e pré-candidato a governador Gelson Merisio (PSD) tem esperado ouvir desde que começou a construir seu projeto visando o Centro Administrativo.

— Queremos, sim, disputar a eleição de 2018 e com candidato a governador. E mais: queremos ganhar a eleição — disse Colombo.

O governador pediu, ainda, que as lideranças de ambas as siglas dessem suporte ao pré-candidato do partido. ¿Já fui candidato, já tentei ser candidato¿, lembrou, para reforçar a importância desse apoio nos primeiros momentos, quando um nome em construção ainda busca o conhecimento do eleitorado e alianças. Merisio já conta com os prováveis companheiros de chapa de 2018: o PSB de Paulo Bornhausen e o PP, que conquistou com gestos como o apoio a Angela Amin (PP) em Florianópolis ano passado e com a costura que levou Silvio Dreveck à presidência da Assembleia este ano.

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Mas o momento mais importante da fala de Colombo foi a ênfase ao dizer que não há dívidas ou amarras que o impeçam de endossar um candidato do PSD ao governo. Vem do PMDB, ainda dos tempos de Luiz Henrique, a tese de que o governador teria que retribuir com apoio a um peemedebista em 2018 as alianças que o elegeram para o Senado em 2006 e para o governo em 2010 e 2014.

Com a morte do ex-governador, esta suposta nota promissória ficou nas mãos do vice-governador Eduardo Pinho Moreira (PMDB). É ele quem usa o argumento ao defender a continuidade da atual aliança, cenário em que seria o candidato natural. Neste contexto, a fala de Colombo é um lance importante de Merisio neste xadrez pré-eleitoral disputado entre ele e o vice-governador.

Curiosamente, o discurso deve ser comemorado também entre os adversários internos do vice-governador no PMDB — Mauro Mariani, Dário Berger — que também ganham maior viabilidade em um cenário de rompimento da aliança.

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