Desde 2005 que as eleições para presidência da Assembleia Legislativa acontecem muito antes do dia da votação em plenário. Naquele ano, o então deputado Júlio Garcia (PFL), hoje conselheiro do Tribunal de Contas, foi eleito por unanimidade dando início a uma era sem disputas no voto, mas de acordos pré-estabelecidos entre os partidos com a divisão de cargos na mesa diretora e nas comissões entre todos os partidos. Por essa lógica, a disputa acontece nos bastidores até um candidato ou composição alcançar o apoio de 21 parlamentares que garantem a maioria em plenário. Depois disso, todos se somam ao projeto em nome da manutenção da representatividade.

Continua depois da publicidade

O acordo que viabiliza a divisão do mandato entre Silvio Dreveck (PP) e Aldo Schneider (PMDB) traz essa matemática básica: com o aval do PSD do atual presidente Gelson Merisio, as bancadas dos três partidos somam 23 parlamentares. Mas, desta vez, a lógica que impera desde Júlio Garcia, e que já beneficiou Jorginho Mello, Joares Ponticelli, Romildo Titon e Merisio, por três vezes, não está está seguindo fielmente o manual. Há feridas de uma clássica disputa no voto.

Na origem disso está a última eleição de Merisio, em 2011. Para conquistar o PMDB, sinalizou que poderia respaldar o partido em sua sucessão, endossando Schneider, seu primeiro vice-presidente. Para os peemedebistas um acordo, para os pessedistas um gesto.

Antes das eleições municipais, com outro quadro político armado e a intenção de afastar PSD e PMDB em nome de sua candidatura a governador em 2018, Merisio tentou outro acerto. Ofereceu ao PP e ao PSDB a divisão do próximo mandato. Os pepistas respaldariam Dreveck, os tucanos se acertariam entre Marcos Vieira e Leonel Pavan. Presidente estadual do PSDB, Vieira disse que não conversaria sobre o assunto antes das eleições – mirando o crescimento do partido nas urnas e a chance de fechar um acordo melhor. Quando quis voltar para a mesa, o PMDB já havia sentado nela, aceitando a divisão do mandato com os pepistas.

É certo que o governador Raimundo Colombo (PSD) precisou entrar no circuito e que houve pressão para que Merisio aceitasse parte do suposto acerto de 2011 para respaldar um peemedebista. Como os ovos já estavam quebrados, Merisio aproveitou para fazer uma omelete. No caso, diminuir a figura de Marcos Vieira como principal interlocutor do PSDB estadual. A própria adesão dos tucanos ao governo do Estado, com a provável indicação dos deputados estaduais Vicente Caropreso e Pavan para o secretariado estadual, está sendo conduzida à margem do presidente estadual da sigla.

Continua depois da publicidade

Diga ao povo que saio

Uma das leis não escritas do política é de que partido que não tem um pré-candidato a governador não consegue vaga em chapa majoritária de coligação. Tem relação com essa lógica a decisão do PR de entregar os cargos no governo estadual, com o pedido de exoneração de Filipe Mello (PR) da Secretaria de Turismo, Cultura e Esporte. Presidente estadual do partido, o deputado estadual Jorginho Mello (PSDB) apresenta-se como nome para o governo, mas almeja o Senado. Além disso, foi esperto politicamente. Antecipou-se à possível entrega da pasta ao PSDB e manteve as portas abertas ao não sair atirando.