Até a semana passada, as conversas entre o PDT catarinense e o deputado federal Décio Lima (PT) eram um flerte político. O diálogo ganhou volume após as eleições municipais, com o resultado desastroso colhido pelo PT em Santa Catarina, e cresceu ao ponto em que o deputado estadual Rodrigo Minotto, presidente estadual do PDT, fez o convite oficial. A ideia é que o atual petista seja o candidato a governador em 2018 pela legenda de Leonel Brizola.

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O lance do PDT tem um objetivo claro. A fragilidade petista, especialmente em Santa Catarina, é a grande chance de o partido retomar a fatia do eleitorado de centro-esquerda que perdeu justamente pela ascensão do rival de campo. Até 1998, PT e PDT ocupavam espaços relativamente semelhantes nas vagas legislativas do Estado. Naquele ano, cada um tinha dois deputado federais, por exemplo. Foi nas eleições de 2002, quando a chamada onda Lula ajudou o PT a eleger cinco deputados federais e nove estaduais que o jogo mudou. Desde então, o partido busca um rumo.

A eleição de Minotto em 2014 acabou com o fosso que existia entre os eleitos do partido (como Amauri Soares, por exemplo) e a direção estadual. Agora a legenda conta com o esvaziamento do PT estadual e a candidatura de Ciro Gomes (PDT) à presidência para voltar ao tabuleiro. Daí a investida em Décio Lima, um nome com potencial de comandar uma chapa majoritária.

O petista não descarta a mudança, mas diz que vai decidir com responsabilidade. Lembra os 37 anos de PT e diz não ter medo de ficar sem mandato. Décio advoga desde o ano passado pela criação de uma frente entre petistas, pedetistas e o PCdoB. A ideia é anunciar a atuação unificada dos três partidos, especialmente na Assembleia Legislativa – onde somam sete parlamentares. Certo é que o deputado federal já sonhava com a majoritária em 2014 e que pretende disputá-la desta vez.

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Minotto e Décio veem o cenário pré-eleitoral catarinense de forma semelhante. Enxergam um fim de ciclo da tríplice aliança e candidaturas próprias do PSD, do PMDB e do PSDB ao governo. Nesse contexto, haveria espaço para uma candidatura de centro-esquerda no primeiro turno ou até para compor com os pessedistas. Isso ajuda a entender aquele jantar entre os pedetistas catarinenses, Décio Lima, Gelson Merisio (PSD) e Ciro Gomes há duas semanas em Brasília.