Dificilmente existiria um lugar em que Gean Loureiro (PMDB) se sentisse mais à vontade para tornar-se, de fato, prefeito de Florianópolis. A Assembleia Legislativa em que viveu os últimos dois anos como um deputado estadual preenchida pelo ambiente da Câmara de Vereadores em que exerceu cinco mandatos. Uma simbiose causada pelo fato de que o parlamento municipal é acanhado demais para este tipo de evento, mas que gerou um resultado simbólico interessante.
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Excetuando os períodos em que ocupou secretarias municipais ou a presidência da Fatma, Gean Loureiro é um homem de parlamento. Elegeu-se vereador pela primeira vez aos 20 anos, em 1992, e desde então viveu plenamente a vida de conversas, acordos de bastidor, discursos e leis. De certa forma, considerando os 19 anos que passou pelo legislativo municipal e a ascendência sobre os pares que manteve mesmo depois de deixar o cargo, a posse de Gean como prefeito é um pouco como se a própria Câmara de Vereadores de Florianópolis chegasse ao poder, sem intermediários.
O primeiro item do discurso de posse foi justamente a promessa de “respeito permanente à Câmara de Florianópolis”. Disse saber “a importância do vereador no auxílio da gestão municipal” e que ¿quando um governo vai bem, a Câmara Municipal cresce”. Deve vir daí uma das principais diferenças em relação ao antecessor Cesar Junior (PSD), que tentou negociar pontualmente com os vereadores e se viu enredado por uma suposta base aliada. Ex-deputado estadual, o pessedista não conhecia a Câmara e continuou não conhecendo.
O destino também quis ampliar o componente simbólico da tarde de ontem. O início da trajetória política de Gean, em 1993, coincidiu com a posse de Sérgio Grando como o primeiro e único prefeito da Capital eleito por uma frente de esquerda. Grando era do PCB, Gean ainda no PDT, um de seus raros aliados naquele legislativo. O primeiro ato do peemedebista no comando de Florianópolis foi o decreto do luto oficial pela morte do ex-prefeito nas últimas horas do dia 31 de dezembro de 2016.
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