A inauguração de uma escola estadual com o nome de Luiz Henrique da Silveira fez com que ontem Joinville se tornasse a capital política de Santa Catarina. Até o ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM-PE) estava presente para a homenagem – houve uma frustrada tentativa de que o presidente Michel Temer (PMDB) comparecesse ao evento. Aos olhos da política estadual, no entanto, o ato foi marcado por mais uma demonstração pública da reaproximação entre o governador Raimundo Colombo (PSD) e o prefeito joinvilense Udo Döhler (PMDB).
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Reeleito ano passado, o prefeito passou a ser nome obrigatório na lista dos pré-candidatos a governador do PMDB. Uma possibilidade que até aquele momento não seria desconsiderada por Colombo, mas que acabou estremecida justamente na disputa que deu o novo mandato a Döhler. Com candidatura própria em Joinville, o PSD de Darci de Matos tentou estadualizar a campanha e a resposta peemedebista veio em críticas à atuação do governador na cidade. No momento mais tenso, o próprio Colombo foi parar no horário eleitoral para rebater o que considerava mentiras da campanha de Udo.
Poucas vezes um desgaste político pode ser tão traduzível em números quanto neste caso. Entre 2011 e setembro de 2016, Colombo esteve 20 vezes em Joinville. Depois disso, foram sete meses ausente da cidade mais populosa e mais rica do Estado. Em abril, o governador foi à posse da diretoria da CDL local e ouviu Döhler elogiá-lo publicamente lá e na reunião da Acij, a poderosa associação empresarial de Joinville. O gelo começou a ser quebrado com um convite para que Colombo visitasse a prefeitura. Uma conversa amena, sem os típicos pedidos por recursos dos diálogos entre prefeitos e governadores – mostrando que Döhler sabe ser político quanto precisa. Desde então, a cidade voltou ao roteiro do pessedista – ontem foi a terceira vez em 35 dias.
Na Escola Estadual Luiz Henrique da Silveira, inaugurada ontem, estavam diversos deputados estaduais e federais, os três senadores, prefeito, governador, ministro, etc. Dos pré-candidatos a governador em 2018, marcaram presença os senadores Dário Berger (PMDB) e Paulo Bauer, o deputado federal Mauro Mariani (PMDB) e o próprio Döhler. Na escola política de Luiz Henrique, fundada há muito mais tempo, era ensinado que não se constroem projetos perenizando incidentes políticos pontuais e que rivalidades são quase sempre transponíveis.
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Depois de passar os últimos meses colocando os ovos na cesta do correligionário e pré-candidato declarado Gelson Merisio (PSD), Colombo volta a ter uma opção viável de manutenção da aliança com o PMDB. É mais fácil construir esse projeto em torno do prefeito joinvilense do que com o vice-governador Eduardo Pinho Moreira (PMDB), a outra alternativa assimilável dentro do partido.
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