As últimas quatro eleições estaduais em Santa Catarina foram montadas sobre as composições ou disputas entre cinco partidos. PMDB, PP, PSDB, PT e DEM (depois PSD) participavam de uma curiosa dança pré-eleitoral em que aproximações e afastamentos acabavam norteando as coligações que se enfrentariam nas eleições para governador. Esse quadro tem tudo para ser diferente em 2018.

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A primeira mudança é o rebaixamento do PT. Os resultados nas eleições de 2014 e, especialmente, 2016, tiraram do principal partido de esquerda do país a condição de integrante do G-5 catarinense. Hoje, os petistas aparecem nas cidades em posição semelhante a de PSB e PR em um segundo pelotão.

Mas a principal mudança no cenário está se constituindo na reforma do secretariado do governador Raimundo Colombo (PSD), com os convites para que PSDB e PP integram uma administração que já conta com o PMDB como sócio-fundador. Tucanos e pepistas não estão formalmente na base aliada, mas também não votam contra o governo. O gesto de trazer os partidos para o secretariado formaliza e consolida essa base de apoio. Há alguns anos, Colombo vem dizendo que o mundo vive uma era pós-ideológica. Ter os quatro grandes partidos do Estado, incluindo os históricos rivais PMDB e PP, faz parte dessa lógica.

Na prática, Colombo une a classe política em torno de seu projeto de fim de governo e facilita a dispersão do bloco em 2018, já que é impossível construir uma tetraplice aliança. Se todos estão no Centro Administrativo agora, é óbvio que alguns precisarão se desgarrar. Uma lógica que pode ajudar à construção da candidatura própria do PSD, Gelson Merisio à frente, em oposição aos hoje aliados peemedebistas.

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Os convites aos PSDB e ao PP estão feitos, mas as conversas devem avançar ainda. A tentativa frustrada de conquistar a adesão dos tucanos através de notas de jornal, driblando o presidente estadual Marcos Vieira, fizeram com que o governador fosse mais cauteloso com o PP. Começou pelo começo, um telefonema para Esperidião Amin na quarta-feira. A conversa foi retomada no dia seguinte, quando foi colocada na mesa a Secretaria de Assistência Social e citados os nomes dos deputados estaduais pepistas José Milton Scheffer e Valmir Comin. Presidente estadual do partido, Amin diz que vai levar a oferta ao partido para discutí-la. Evita antecipar simpatias.

– O PP hoje é parceiro do governo sem cargos. A participação é um degrau a mais nessa parceria.