Na semana que passou, o prefeito blumenauense Napoleão Bernardes (PSDB) foi a São Paulo e encontrou o futuro candidato do PSDB à presidência da República. Falta saber se foi na noite de terça-feira, quando esteve com o prefeito João Doria, ou na manhã de quarta-feira, ao se reuniu com o governador paulista Geraldo Alckmin. É dessa dupla que deve sair o nome tucano para a eleição presidencial.
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Os estilos são praticamente opostos. Alckmin vive a política há décadas, está em seu quarto mandato como governador e ousou enfrentar Lula (PT) na disputa presidencial de 2006 – quando o petista era considerado quase imbatível. Doria é um empresário que cresceu sob as franjas da política e que, lançado por Alckmin ano passado, apresentou-se como gestor e ganhou a maioria do eleitorado paulistano. O que o governador tem de discreto, o prefeito tem de midiático. O estilo de Doria vem ganhando espaço no PSDB como um alternativa em um cenário de rejeição à classe política, especialmente se Alckmin sair mesmo chamuscado pelas delações da Odebrecht junto com os ex-presidenciáveis Aécio Neves e José Serra.
Estrela ascendente no tucanato catarinense, Napoleão mostrou prestígio ao ser recebido por ambos. Com Doria, tratou do compartilhamento de modelos para parcerias público-privadas e de uma inusitada versão paulistana da Oktoberfest. Nesse momento, o blumenauense percebeu certa cautela do empresário-prefeito. Doria teria dito ser inadequado vir à festa este ano, porque o gesto seria encarado como movimento de candidato. Ele sabe que não pode parecer que está puxando o tapete de Alckmin.
Com o governador, a agenda de Napoleão foi mais política. Alckmin queria saber sobre a realidade econômica e política de diversas cidades catarinenses. Anotava pontos que despertaram sua atenção. Desde que foi reeleito em primeiro turno na última eleição, o governador paulista sabe que 2018 talvez seja sua última e melhor chance de chegar à presidência. Tem trabalhado por isso. Aqui no Estado já tem dois cabos-eleitorais declarados: o governador Raimundo Colombo (PSD) e o vice-governador Eduardo Pinho Moreira (PMDB). Ambos estão de olho na composição nacional com os PSDB e os reflexos na aliança local.
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O gesto de Napoleão de aproximar-se de ambos também revela uma movimentação pré-eleitoral. Reeleito em Blumenau aos 34 anos, o prefeito agrega renovação e experiência e daria peso a uma chapa de que participasse – PMDB e PSD sonham com isso. Ao mesmo tempo, a fila dos tucanos catarinenses tem o senador Paulo Bauer colocado na linha de frente como pré-candidato a governador. Depois de ficar atrás de Colombo em 2014, Bauer também sabe que a próxima eleição talvez seja sua grande chance de conquistar a Casa d¿Agronômica. De certa forma, Bauer e Napoleão reproduzem no Estado as opções Alckmin/Doria.