Embora se alardeie uma economia de R$ 42 milhões por ano, a extinção das obsoletas Codesc, Cohab e Bescor servem mais para manter viva a agenda de reformas na máquina do Estado do que para aliviar o caixa. Símbolos importam, ainda mais em política, mas falta margem para mudanças realmente de impacto como foi a reforma da previdência estadual no final do ano passado.

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Por isso, o governador Raimundo Colombo sabe que enxugará gelo em 2017 para chegar vivo a 2018. A única mudança expressiva em suas mãos está descartada – a privatização da Celesc, da Casan e da SCGás para criar um fundo previdenciário. Descartada não por contrariedade, mas por serem medidas consideradas drásticas demais para um governo que se encaminha para o fim.

Se para o ano que vem não há muito a fazer além de esperar que passem seus 365 dias, 2018 já está muito vivo no calendário político. Colombo esperou o fim dos anúncios e a conversa menos formal com os jornalistas para avaliar o cenário pós-eleição municipal e o jogo da própria sucessão.

Dessa conversa saiu um gesto político importante, quando negou a existência de um acordo prévio para apoiar o PMDB e garantiu que não vai trabalhar para impedir candidatura do PSD. Embora ele mesmo amenize o confronto entre os principais sócios da coalizão que comanda ao dizer que as definições devem acontecer apenas em junho de 2018, ele manda recados claros ao dizer que não é justo pedir a ele que impeça os pessedistas – leia-se Gelson Merisio (PSD) – de construírem uma candidatura a governador.

O primeiro é o de estender a mão ao correligionário após as derrotas eleitorais no segundo turno em confrontos com os peemedebistas. O segundo, para o próprio PMDB e alguns peemedebistas que elevaram demais o tom de desforra após a vitória nas urnas. O deputado federal Mauro Mariani, por exemplo, cobrou publicamente que os pessedistas apoiem um nome do partido em 2018.

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No fundo, Colombo tenta se colocar como Luiz Henrique da Silveira (PMDB) antes das eleições de 2010 – as que levaram o lageano pela primeira vez ao governo estadual. Na época, o então governador peemedebista deu corda a Eduardo Pinho Moreira (PMDB), Leonel Pavan (PSDB) e o próprio Colombo, dizendo que quem chegasse em melhores condições seria o candidato da tríplice aliança.

Todo mundo sabia que Colombo era o nome preferido de Luiz Henrique, o que não impediu o clima de confronto interno e a definição apenas nas últimas horas. Prevaleceu a questão nacional, com Pinho Moreira aceitando ser vice e Pavan abrindo mão de concorrer em nome do apoio ao presidenciável José Serra (PSDB).

Talvez seja coincidência, mas Pinho Moreira e Colombo já manifestaram desejo de apoiar um tucano à presidência – o paulista Geraldo Alckmin – e o governador trabalha para trazer o PSDB para o secretariado. Claro que ainda falta descobrir uma coisa. Se em 2010 Colombo era o preferido de Luiz Henrique, quem é, hoje, o Colombo de Colombo ? Um dos maiores mistérios da política catarinense é quem o governador deseja ver como sucessor.