Na última quinta-feira o deputado federal Esperidião Amin (PP) deu uma resposta interessante a um irônico questionamento do apresentador Renato Igor no programa Conversas Cruzadas. Falava-se da adesão do PP ao secretariado do governador Raimundo Colombo (PSD), onde Valmir Comin (PP) fará companhia a rivais históricos do PMDB e o jornalista quis saber se era muito difícil ser oposição.
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– Não é difícil ser oposição, porque os governos erram muito. Mas é difícil ser oposição a um governo tão parecido com o que você faria – disse Amin, em referência à administração de Colombo. A relação entre Amin e Colombo é antiga. O deputado gosta de lembrar da origem política do lageano no PDS, atual PP, onde chegou a ser presidente da juventude estadual. Colombo foi secretário de Assistência Social quando Amin assumiu o governo pela primeira vez em 1983. Mesmo longeva – talvez por isso – é uma relação de altos, baixos e desconfianças.
Em pelo menos duas vezes em sua caminhada política, o atual governador se sentiu deixado na mão. Em 1994, Colombo seria o vice de Amin ao governo quando ele desistiu da disputa para entrar na corrida pela Presidência da República. O lageano teve que improvisar uma candidatura a deputado federal em que terminou como suplente. Em 2006, Colombo havia renunciado à prefeitura de Lages para concorrer ao governo pelo PFL e aguardava uma posição de Amin sobre apoiá-lo. O pepista esticou a conversa até o limite sem posicionar-se e Colombo acabou aceitando a carona de Luiz Henrique (PMDB) que o guindou ao Senado. Por esse histórico é que a declaração de Amin no Conversas Cruzadas seja tão emblemática neste momento de aproximação que vivem os dois personagens – muito em função do longo processo de renegociação das dívidas dos Estados.
O governador catarinense foi um dos protagonistas da discussão, especialmente por ter judicializado o debate. Amin relatou o projeto na Câmara dos Deputados e foi o principal aliado parlamentar da causa aprovada em plenário em 20 de dezembro. No dia seguinte, ele foi recebido na Casa d?Agronômica. Era aniversário de Amin, que ganhou um vinho de Colombo. No Conversas Cruzadas, perguntei ao pepista se o projeto do partido para 2018 estava atrelado ao do PSD, especialmente à pré-candidatura de Gelson Merisio. Ele rejeitou a palavra “atrelado”, preferiu “aproximado”, e disse que o PP quer ter candidato a governador, mas que não vai deixar de conversar com o aliado. Sobre a frase de Merisio de que o modelo da aliança entre PSD e PMDB está esgotado, Amin não titubeou:
– Nessa frase você pode dizer que estou atreladíssimo – afirmou, aos risos.
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