Pessoas deitadas no chão, de pé com crianças no colo ou que passaram quase que um dia inteiro aguardando atendimento, cochilando nas cadeiras na sala de espera. Este é o cenário da UPA Sul de Joinville, que registra superlotação desde a tarde de segunda-feira (3). Ainda nesta manhã de terça-feira (4), o movimento continuava intenso, mais pessoas chegavam do que saíam em uma cena se repete há pelo menos duas semanas na cidade.

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Ao Bom Dia Santa Catarina, da NSC TV, o idoso Nairo Girard contou que chegou no início da noite de segunda na unidade, que foi enviado de um local para o outro e, 12 horas depois, ainda não havia sido atendido. Já a dona de casa Inês Meurr diz que chegou com a filha reclamando de falta de ar e dor no peito, mas teve de esperar por horas porque apenas um clínico estava atendendo no local.

Em um vídeo recebido pela reportagem, um morador aparece no chão. Ele se contorcia com cólica renal e, como não tinha espaço nos corredores e a espera era longa, deitou-se no piso e cobriu-se com uma coberta.

— Eu cheguei às 7h30 de ontem e estou saindo às 5h40 do dia seguinte. Tem muita gente fazendo teste para dengue e o sistema está caindo. Isso está um caos — relatou o jovem Odair de Maia.

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UPA Sul tem demanda o dobro acima do habitual

Questionada pelo AN, a prefeitura, por meio da assessoria de comunicação, informou que a UPA Sul tem registrado o dobro da demanda habitual. Nas últimas 24 horas, segundo o município, foram atendidos mil pacientes e o tempo de espera para passar pela triagem e receber a pulseira que classifica a gravidade é de 30 minutos. Já o tempo de espera para passar pelo médico é de 3 horas e 30 minutos. Na ala de pediatria a demora é de uma hora.

O governo municipal explica que quatro emergências relacionadas a acidentes acabaram interferindo na demora dos atendimentos e, na ocasião, 15% da demanda era por dengue e a maioria queixas por doenças respiratórias.

Pensando em desafogar as UPAs, na semana passada foi instalada, no bairro Boa Vista, uma central especializada de atendimento para dengue pessoas com sintomas leves e moderados. Desde então, um total de 1.194 pessoas foram atendidas no local e, desse número, 363 pacientes testaram positivo para a doença.

O município diz que, mesmo sem gravidade, os moradores que procuram as UPAs com sintomas de dengue seguem sendo atendidos no local, já que a central só funciona de segunda a sexta-feira, das 7h às 17h.

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Ainda conforme a Secom, entendendo que a UPA Sul necessita de suporte, a partir de quarta-feira (5), a secretaria de Saúde vai ativar a unidade do bairro João Costa para atendimento pediátrico. A curto prazo, a prefeitura instituiu o Centro de Operações de Emergência em Saúde (Coes), em nova iniciativa para o enfrentamento da doença.

A criação de um Coes é uma das exigências do Estado para os municípios terem acesso aos recursos adicionais para a dengue e Joinville está solicitando R$ 820 mil ao governo estadual.

Atualmente, Joinville tem mais de 2,7 mil casos confirmados de dengue, um número 95% superior ao registrado no mesmo período do ano passado. A alta de casos fez Joinville anunciar a instalação do gabinete de crise, uma força-tarefa com participação de diferentes secretarias municipais, sob coordenação do prefeito Adriano Silva (Novo). Ainda na semana passada, foi decretada a situação de emergência.