Um dos primeiros a sair da boate Kiss, em Santa Maria, quando o incêndio que deixou 233 mortos começou, o estudante de Medicina Murilo De Toledo Tiecher, 26 anos, relata que, por não enxergarem a pista de dança, os seguranças não entenderam o que estava acontecendo e tentaram barrar a saída dos jovens que estavam na festa.

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Ao correr para a saída, Murilo ficou prensado contra uma barra de ferro que servia para organizar a fila na entrada. Ao conseguir pular, deparou com a porta da saída fechada.

– A gente gritou ‘tá pegando fogo, tá pegando fogo’, mas o segurança abriu os braços e estava tentando manter a porta fechada. Uns cinco ou seis caras derrubaram o segurança e colocaram a porta abaixo. Era a única saída.

Murilo conta que o incêndio começou quando foi aceso um tipo de sinalizador no palco e as chamas alcançaram o teto. Ele relata que estava a 10 metros do palco e que o fogo se espalhou muito rápido, em cerca de três minutos. Quando conseguiu sair, foi um dos primeiros a ligar para o Corpo de Bombeiros.

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– Os primeiros a sair tentavam puxar quem estava lá dentro. Apareciam mãos, braços na porta entre a cortina de fumaça. Puxamos várias pessoas. Eu, inclusive, puxei uma guria pelos cabelos. Foi um caos, o maior desespero.

Quando os bombeiros chegaram, quem já havia saído tentava dar direções de onde as pessoas estavam aglomeradas. O estudante conta que pessoas que não conheciam o local entraram nos banheiros pensando que eram saídas de emergência.

Murilo avisou um bombeiro em que local estava o filho da diretora do Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM), Elaine Resener, o estudante de Medicina Luiz Arthur Resener de Moraes, 25 anos. Luiz foi um dos primeiros a ser socorridos e está internado na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do HUSM.

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A tragédia

O incêndio na boate Kiss, no centro de Santa Maria, começou entre 2h e 3h da madrugada de domingo, quando a banda Gurizada Fandangueira, uma das atrações da noite, teria usado efeitos pirotécnicos durante a apresentação. O fogo teria iniciado na espuma do isolamento acústico, no teto da casa noturna.

Sem conseguir sair do estabelcimento, mais de 200 jovens morreram e outros 100 ficaram feridos. Sobreviventes dizem que seguranças pediram comanda para liberar a saída, e portas teriam sido bloqueadas por alguns minutos por funcionários.

A tragédia, que teve repercussão internacional, é considera a maior da história do Rio Grande do Sul e o maior número de mortos nos útimos 50 anos no Brasil.

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Veja onde aconteceu

Imagem: Arte ZH

A boate

Localizada na Rua Andradas, no centro da cidade da Região Central, a boate Kiss costumava sediar festas e shows para o público universitário da região. A casa noturna é distribuída em três ambientes – além da área principal, onde ficava o palco, tinha uma pista de dança e uma área vip. De acordo com o comando da Brigada Militar, a danceteria estava com o plano de prevenção de incêndios vencido desde agosto de 2012.

Clique na imagem abaixo para ver a boate antes e depois do incêndio

A festa

Chamada de “Agromerados”, a festa voltada para estudantes da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) começou às 23h de sábado. O evento era de acadêmicos dos cursos de Agronomia, Medicina Veterinária, Tecnologia de Alimentos, Zootecnia, Tecnologia em Agronegócio e Pedagogia. Segundo informações do site da casa noturna, os ingressos custavam R$ 15 e as atrações eram as bandas “Gurizadas Fandangueira”, “Pimenta e seus Comparsas”, além dos DJs Bolinha, Sandro Cidade e Juliano Paim.

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