Os jovens brasileiros querem ter seu próprio negócio e grande parte das universidades garante atividades ligadas ao empreendedorismo, mas falta iniciativa dos universitários para se dedicar ao tema. As afirmações são da pesquisa sobre Empreendedorismo nas Universidades Brasileiras, divulgada este mês pela instituição Endeavor.
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Das 46 universidades consultadas no país, incluindo a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), apenas quatro não oferecem aulas, palestras ou projetos ligados ao empreendedorismo. Dos 6.215 universitários entrevistados, 60% quer ser dono de uma empresa depois de se formar.
A pesquisadora Vitória Augusta Braga de Souza, que desenvolve a tese de doutorado na área de Inovação, Tecnologia e Empreendedorismo, na UFSC, conta que as universidades estimulam o empreendedorismo a partir da divulgação de concursos nacionais, como o Desafio Sebrae, e de disciplinas específicas nos cursos, ainda que, na maioria das vezes, elas sejam introdutórias.
– Existe a disciplina e, quando não é obrigatória, aparece como eletiva. A universidade desperta a vontade para depois o estudante procurar o aprofundamento – explica.
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Dimas Rafael Broering, estudante de Engenharia Elétrica da Universidade Estadual de Santa Catarina (Udesc), em Joinville, fez essa escolha. Ele ainda não sabe quando vai ser a sua formatura, mas já investe no próprio negócio com outros dois sócios.
O estudante começou em 2010 a startup Domotic Center, que desenvolve um sistema de casas inteligentes, onde a luz, aparelhos elétricos e equipamentos de segurança da residência podem ser controlados pelo smartphone.
A iniciativa partiu do estudante, que desde o primeiro semestre da graduação participou da empresa júnior da Udesc.
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– Antes eu pensava: vou entrar na universidade, fazer mestrado e trabalhar em uma multinacional, como Weg ou Whirlpoll. Depois de entrar na empresa júnior, percebi quão gratificante era para as pessoas criarem suas empresas e terem resultados não só financeiros, mas de felicidade, por verem as pessoas usando algo que tem parte de você – diz.
Mudança cultural é parte importante no processo
Deixar de ser um empregado e se transformar em um empreendedor é consequência de uma mudança cultural, afirma o professor Gerson Volney Lagemann, que ministra a disciplina Empreendedorismo, na Udesc, em Joinville.
Ele lembra que em 1990, a universidade tinha espaço para abrigar e ajudar pequenas empresas, mas não tinha demanda. Hoje, falta vaga para o número de inscritos interessados em participar da empresa júnior, que possibilita vivenciar na prática os conceitos de empreendedorismo.
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– Não dá para basear toda uma vida em cima de um emprego que está cada vez mais difícil e competitivo. A grande alternativa é investir na própria ideia de negócio – ressalta.