Um aluno negro da Univille acusa uma professora de racismo ao ser chamado de ladrão em Joinville. O estudante tirava fotos em uma janela quando foi surpreendido pela docente que teria gritado “que susto, um ladrão” para o jovem.
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O homem aceitou falar com a reportagem do NSC Total sobre o caso, mas prefere não se identificar. Ele estuda Design de Moda na Univille e na noite da última quarta-feira (18) foi para a universidade com roupas produzidas por ele mesmo. A partir disso, a ideia era registrá-lo em fotos. Ele e alguns amigos foram até uma janela para fazer as imagens.
O aluno descreve que vestia uma roupa bege, touca e óculos escuros. Enquanto fazia poses, foi surpreendido por uma professora:
— Ela gritou de dentro da sala “que susto, um ladrão”. Eu tirei o meu óculos escuro, olhei para ela e falei “quem é ladrão?”. Ela repetiu “ladrão” novamente e começou a gritar.
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Ao ser confrontada, ela teria pedido desculpas. Após procurar a coordenação do curso, ter sido encaminhado para a ouvidoria da Univille e ter falado com algumas pessoas, ele foi atendido pela assistente social.
— Ela me acolheu. Expliquei para ela [a situação] e a gente decidiu abrir o boletim de ocorrência (BO). Eu abri o BO dentro da Univille, junto com essa assistente social.
A reportagem do NSC Total teve acesso ao Boletim de Ocorrência. “Fui até a ouvidoria mas como estava fechada, me encaminhei a Central de Relacionamento com o Estudante de Univille onde fui atendido pelo Assistente Social que orientou sobre os procedimentos internos e civis para o registro do crime. Essa situação ocorrida sinto como uma injúria racial e por isso peço investigação”, descreve a vítima em trecho do documento oficial.
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O jovem agendou uma conversa com o reitor da Univille para reivindicar uma resposta sobre o caso.
A advogada popular Cássia Sant’ Anna já está acompanhando o caso e informou que tomará todas as medidas judiciais e criminais cabíveis. O delegado responsável pela 6ª Delegacia de Polícia, Rodrigo Bueno Gusso, informou que já instaurou um inquérito policial para investigar o caso.
— A Univille não tem protocolo de atendimento em casos de racismo, tanto é que a professora deveria ter saído presa, já que foi um crime em flagrante delito presenciado por várias testemunhas oculares. O movimento negro vai protocolar um manifesto na reitoria exigindo algumas posturas da universidade para que isso não se repita com mais nenhum aluno — reiterou a defensora.
O que diz a Univille
Nas redes sociais, a Univille publicou um comentário em que se manifestou publicamente com solidariedade a todas as pessoas que se sentiram afetadas pelo episódio. Também informaram que o estudante está sendo acolhido desde o primeiro momento e seguirá contando com este apoio.
A Pró-Reitoria de Ensino instaurou o processo administrativo previsto no regimento da instituição, “construído e aprovado a muitas mãos, assegurando os direitos de todos os envolvidos, incluindo o de ampla defesa e contraditório”, citou a universidade.
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Ainda de acordo com a Univille, a ação dá continuidade ao atendimento que foi iniciado prontamente na quarta-feira à noite, na Central de Relacionamento com Estudantes. “A Univille está segura do seu compromisso no enfrentamento ao racismo estrutural e segue aberta ao diálogo, que já se demonstrou como caminho mais efetivo para construirmos pontes e derrubarmos muros, inclusive os que se erguem pelas redes sociais”, finalizou o comentário.
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