Em meio ao Carnaval, torcedores dos principais times de Santa Catarina se preparam para a folia, mas sem se esquecer de que a bola vai rolar pela sétima rodada do Estadual 2018. E o “Unidos do Catarinense” tem vários blocos. O Bloco do Líder surge com o Figueirense como o único integrante e, de quebra, invicto. No do “Esquenta” quem dita o ritmo do samba é a Chapecoense, enquanto que o Avaí aparece no “Guardando as Energias”, pois desfila apenas na segunda-feira. Ainda tem o “Atrás do Trio”, com o Joinville, e o “Em Busca de Harmonia”, com o Criciúma. A promessa é de muito confete, serpentina e, claro, bola na rede.

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Alvinegros e azurras unidos pelo Carnaval

Rivais no futebol, mas unidos no Carnaval. Quando o assunto é o time do coração, César Nunes, o Cesinha, e José Antônio Carriço, o Zezinho, estão em lados opostos. O primeiro é fanático pelo Avaí, enquanto o outro é um ferrenho torcedor do Figueirense. Mas quando as primeiras batidas da bateria chegam aos ouvidos, o samba os une, como se o azul do Leão e o preto do Furacão fossem uma única cor.

– Costumo dizer que o futebol é uma paixão semanal, enquanto a paixão pela escola de samba é anual. No futebol se tem a chance de voltar a ver um jogo depois de alguns dias, enquanto no Carnaval tem que se esperar um ano inteiro para tentar recuperar uma posição ou um título perdido – disse Zezinho Carriço, vice-presidente da escola de samba Os Protegidos da Princesa, de Florianópolis.

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Cesinha deixa a rivalidade dos gramados de lado. Um dos responsáveis pela parte da harmonia da escola, o torcedor azurra garante que o amor pelo Avaí influenciou a paixão pela Portela, escola do Rio de Janeiro, que também tem como cores o azul e o branco. Quando o assunto é Carnaval, ele é capaz de deixar de lado uma partida do Leão para poder ver de perto um desfile na Marquês de Sapucaí.

– Eu falo para minha esposa que amo o Avaí e a Portela. E dela, minha esposa, eu apenas gosto (risos). Confesso que nunca fui a um jogo do Avaí no Carnaval. Nessa época meu endereço é a Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro. Fico em Florianópolis até o desfile de sábado e, depois, embarco para ver o meu outro amor na passarela – falou Cesinha.

Mas uma pergunta é capaz de colocá-los em lados opostos novamente, mesmo em plena folia: qual time será campeão Catarinense em 2018? Baseado no excelente momento do Figueirense, Zezinho aposta que o endereço do caneco é o Estádio Orlando Scarpelli.

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– Eu afirmo com todas as letras que em 2018 o título é do Figueirense. O time tem mostrado bom futebol. O Milton Cruz é um treinador que entende do esporte e sabe como utilizar os atletas. Ele tem utilizado o rodízio, pois sabemos que o futebol é um esporte de muito desgaste – disse o fã do Figueira.

Do lado azul da passarela, mesmo com momento financeiro sendo uma das preocupações, Cesinha é enfático ao afirmar que o Avaí será o campeão. O Leão não conquista o título desde 2012. Ele aposta que a receita para encerrar o jejum é a mescla da juventude de Guga, Luanzinho e outros da base leonina com a experiência de Marquinhos, Betão, Martinuccio e André Moritz.

– Eu dou razão ao presidente do Avaí (Francisco Battistotti). Acredito que é preciso arrumar a casa antes de pensar em mais despesas. O Avaí vai conquistar o título do Estadual. O elenco tem bons jogadores formados na base e do grupo do ano passado ficaram atletas com bagagem – aponta o torcedor.

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Chape no esquenta da festa

É no Bar Olimpikus, a menos de 200 metros da Arena Condá, que Betinho Moreno aquece para os jogos da Chapecoense. O local já é um ponto de concentração, samba e pagode há mais de 10 anos. Foi frequentado até por jogadores como Basílio, William Amaral e Peter, campeões de 2007. E é lá que alguns torcedores farão o esquenta para o jogo das 16h deste domingo, contra o Brusque, pelo Estadual. Eliminado da Libertadores durante a semana, agora o Verdão só pensa na luta pelo tri do Catarinense. Aliás, dos títulos da Chapecoense, o músico e torcedor do clube só não viu um.

– Só não vi o de 1977 porque não era nascido. Em 2007, na comemoração do título, caí do caminhão e fiz sete pontos na cabeça – afirmou Gilberto Carlos da Silva, de 36 anos.

Junto com a Chapecoense surgiu a paixão pela música. Desde 2009 ingressou na torcida Raça Verde e passou a acompanhar os jogos, inclusive fora, animando as viagens.

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– O futebol e o samba estão ligados, jogadores gostam e a música leva gente para o estádio – destacou.

Com o grupo Vem no Balanço, Betinho passou a animar festas de aniversário de jogadores como Rafael Lima e Cleber Santana. Em 2016, na comemoração do título Catarinense, foi a banda dele que animou a festa.

Especialista no samba que embala o Carnaval, o intérprete de músicas de Zeca Pagodinho e Martinho da Vila arrisca também um palpite na área esportiva. Assim como as escolas de samba na passarela, ele acredita que o Verdão também precisa de “evolução”.

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– O nosso meio ainda está limitado, o Canteros machucou, e o técnico está testando alguns jogadores. A zaga também anda batendo cabeça – avaliou.

A Chapecoense volta a utilizar seu time titular neste domingo, às 16h, contra o Brusque. A missão do Verdão na partida pela sétima rodada, na Arena Condá, é recuperar terreno no Campeonato Catarinense, perdido por causa da participação na fase inicial do torneio continental.

Contra o Hercílio Luz, fora de casa, e Tubarão, na sexta-feira, o técnico Gilson Kleina utilizou jogadores que atuaram pouco e das equipes de base do clube. A partir deste domingo, é força total no Estadual.

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Joinville atrás do trio elétrico

Cabeça erguida, segue em frente e com fé. O torcedor do Joinville escutou estes conselhos na trilha sonora das comemorações pelo acesso do clube à Série A do Campeonato Brasileiro em 2014. Novamente o samba “Tá Escrito”, do Revelação, embala os jequeanos. Se antes era para a festa, as primeiras palavras cantadas pelo grupo embalam a reconstrução do clube. Versos que estão na boca, na mente e no cavaco do Tricolor Marcinho Doan.

– Essa é a música. Tem muito a ver com o momento que o clube vive. O JEC tem dificuldades pela situação financeira, mas a nova diretoria tem feito bom trabalho botando a casa em ordem e com um time competitivo – argumenta o empresário de 34 anos.

Na quarta colocação, na caça dos times da Capital e da Chapecoense, o JEC de 2018 retoma a hegemonia em casa. Os nove pontos somados até agora no Catarinense são fruto das três vitórias na Arena Joinville. Desta forma, a torcida tricolor reaparece na arquibancada. E ela é aguardada para o duelo das 17h deste sábado, quando o Tricolor recebe o Concórdia com a missão de manter os 100% em seu estádio.

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No primeiro Estadual do técnico Rogério Zimmermann, o JEC é agressivo — às vezes até demais, com mais de três cartões amarelos por partida. A equipe brigadora começa a encantar os tricolores, que se sentem representados dentro de campo. Uma sensação que andava em baixa.

– O time já representa, tem força de vontade. Sabemos que a qualidade não é tudo, até pela limitação financeira que o clube tem. Mas é bem a cara do técnico. Vai na raça se não tem qualidade. Este ano está muito melhor que os últimos dois – compara o sambista nas horas vagas.

A presença em três das últimas quatro finais do Campeonato Catarinense dá esperança ao torcedor. Marcinho Doan acompanhou todas, como já deixou a folia de lado para ir ver o JEC jogar em meio aos dias de festa. Seu coração transborda samba e também esperança de ver o clube campeão estadual novamente.

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– O título é muito difícil, pelo investimento menor do JEC em relação aos favoritos. Mas é um time de camisa pesada e que pode buscar. A atual diretoria deu uma luz ao torcedor, ajeitando o clube. Acreditar em título é difícil, porém é um time que joga aguerrido, esforçado. Talvez dê para beliscar uma final – espera Doan, com a fé dos versos do Grupo Revelação.

Criciúma em busca de harmonia

Com um início de campeonato complicado, o Criciúma ocupa a lanterna e precisa mudar o ritmo se quiser arrancar aplausos da arquibancada. No quesito evolução, o clube tem melhorado nas últimas partidas, mas a vitória ainda não veio. O técnico interino Grizzo tem trabalhado para melhorar a harmonia, e a classificação na Copa do Brasil deve servir como fator motivacional. Mas tirar a nota 10 na avaliação dos juízes passa, inicialmente, por conseguir uma vitória sobre o Inter de Lages, às 19h deste sábado, no Estádio Tio Vida.

Para o torcedor Cleiton Ramos, 34 anos, a má fase é passageira, assim como amor de Carnaval.

– Ser campeão já é mais difícil, mas essa posição na tabela é uma questão de início de campeonato, não condiz com o Criciúma. Uma hora a camisa pesa, e o time tem mostrado melhora. Então, vai se recuperar — projeta presidente da torcida Guerrilha Jovem.

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Com Grizzo no comando, o Criciúma tem entrado em campo com poucas mudanças na escalação, fator que ajuda no entrosamento do time. No meio campo, que dita o ritmo, o maestro Elvis tem servido com cadência a comissão de frente, mas ele estará ausente na passarela do Tio Vida. Já Mailson, que marcou três dos quatro gols da temporada, está confirmado.

– Quando o Criciúma está em campo, a gente tem que apoiar. Quem está ali tem que honrar a camisa. Com Grizzo no comando, eu tenho visto o grupo mais organizado, tem um estilo de jogo. Eu vejo que ele está no caminho certo, o torcedor gosta dele, os jogadores, tem uma química diferente. Eles estão rendendo mais – analisa Ramos.

A liderança do goleiro Luiz, mestre-sala que carrega com orgulho o pavilhão do time, também é uma referência para o torcedor. Da arquibancada, o samba-enredo da Guerrilha acompanha a batida do surdo, conduzido por Ramos. São 26 anos de torcida, e o projeto deste ano é convocar a massa carvoeira para cantar junto. Contra o Inter de Lages, o Tigre quer começar a recuperação para deixar a parte debaixo da tabela.

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– O que a gente canta e mais representa para nós é “explode coração, na maior felicidade, é lindo o Criciúma, contagiando e sacudindo essa cidade”, e esperamos voltar a cantar com motivos a mais, vitórias, para empurrar o Tigre para frente – projeta.

Confira a tabela do Catarinense 2018

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