Mais um ano se passou… e nada de a UPA do Continente ser entregue para a população. Parece até disco arranhado, mas a novela das obras intermináveis da Unidade de Pronto Atendimento no bairro Jardim Atlântico – que se estende desde 2010, pode estar perto do fim.

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Agora, a prefeitura de Florianópolis diz que só precisa de verba do Governo Estadual para manter o custo operacional, de aproximadamente R$ 1,7 milhão por mês, já que a unidade também vai atender pacientes de outras cidades da região metropolitana, principalmente São José. Se o aporte Estadual acontecer, a estrutura pode abrir as portas em junho.

Obras da UPA do Continente estão paradas mais uma vez no Jardim Atlântico

O projeto original foi modificado em 2014, e além da Unidade de Pronto Atendimento no térreo, o local também irá abrigar um Centro de Atenção Psicossocial (Caps) 24 horas no segundo andar, e já abriga a base do Programa Remédio em Casa no subsolo.

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Segundo o secretário municipal de Saúde, Daniel Moutinho, o Ministério da Saúde, que financiou parte da obra, entendeu que a população da Capital não comporta três unidade de UPA Porte III (já existe uma no Norte e outra no Sul), e alterou o convênio e o projeto da UPA Continente para Porte I.

– Tivemos que adequar para poder abrir a unidade. Mesmo atendendo toda a região, o Ministério da Saúde olha somente a população da cidade. Não existe nenhum problema em o Caps e a UPA funcionarem no mesmo prédio, vão ter entradas separadas, e caso os pacientes do Caps precisem de atendimento de urgência, poderão ser atendidos ali mesmo – explicou.

Posto de Saúde de Coqueiros e UPA do Jardim Atlântico, em Florianópolis, seguem em obras

A construção da UPA do Continente se arrasta desde 2010. Foto: Marco Favero/Agência RBS

População tem dúvidas

Moacir Lisboa da Costa, da Associação de Moradores do Jardim Atlântico, pensa diferente do secretário. Ele acredita que existe uma grande demanda de atendimento médico na região:

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– Participamos de audiência pública, já conversei com o secretário e com o prefeito, e queremos que seja feita a UPA III. Eles constroem e desmancham, é um desperdício de dinheiro público. Tenho anotado na agenda umas 10 datas diferentes de inauguração, então não acredito mais uma vez – disse.

Na última vez que a Hora esteve no local, em agosto de 2014, a promessa era que a obra seria entregue em dezembro do mesmo ano. Na quarta-feira da semana passada, dia 6 de maio, houve uma reunião entre as secretárias de Saúde do Estado e do município para tratar do convênio para abertura, no entanto não houve nenhuma definição concreta.

A Secretaria de Estado de Saúde informou por meio da assessoria de comunicação que vai apoiar a UPA, e um estudo nesse sentido está bem encaminhado, porém disse que não esta definido como será este apoio.

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Já a secretaria municipal garantiu que o Estado se comprometeu com a abertura da Unidade no mês de junho, e nós próximos encontros serão definidos os serviços oferecidos.

Morador relata abandono e insegurança

Morador de uma casa em frente a obra, na Rua Gualberto Sena, o aposentado Rui Brito já cansou de esperar pela obra que não termina nunca. Ele disse que passam períodos sem aparecer nenhum operário, e de vez em quando aparecem alguns, ficam poucos dias na obra e somem. Além da demora, Rui relata outros problemas:

– Isso é um descaso. De noite eu que vou acender a luz no pátio para ter mais um pouco de segurança. Todo dia é gente usando droga, carros que entram nessa garagem escondida para fazer de motel ou programa. Todas as portas foram roubadas, tudo uma imundice. Já cansei de ligar para os órgãos responsáveis e ninguém faz nada – desabafou.

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Na manhã de terça-feira, quando a reportagem esteve na construção, três operários trabalhavam na parte interna. O secretário garantiu que a obra não está abandonada, e relatou que os problemas de segurança no período da noite são os mesmos de outras áreas públicas da cidade, e quando a UPA entrar em operação terá serviço de segurança como as demais.

Tipos de UPA

UPA Porte I: tem de 5 a 8 leitos de observação. Capacidade de atender até 150 pacientes por dia. População na área de abrangência de 50 mil a 100 mil habitantes.

UPA Porte II: 9 a 12 leitos de observação. Capacidade de atender até 300 pacientes por dia. População na área de abrangência de 100 mil a 200 mil habitantes.

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UPA Porte III: 13 a 20 leitos de observação. Capacidade de atender até 450 pacientes por dia. População na área de abrangência de 200 mil a 300 mil habitantes.

Raio X

UPA:

Valor: R$ 3,3 milhões (UPA e Caps)

Funcionários: 100 uma equipe médica por turno de 12 horas, composta por quatro médicos, dois enfermeiros e outros profissionais)

Leitos: 10 leitos de observação e estabilização

Estrutura: raio-X, ultrassonografia, exames laboratoriais, eletrocardiograma e odontologia.

Caps:

Funcionários: Irão trabalhar médicos, clínicos, psiquiatra, psicólogo, farmacêutico, enfermeiro, assistente social, técnicos de enfermagem, assistente administrativo, educador artístico e outros. A Secretária de Saúde ainda não tem o número exato.

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Estrutura: Enfermaria, leitos para abrigamento, espaço de convivência, refeitório, alas de grupo e de oficinas e consultórios, farmácia, sala de espera.

Vai funcionar 24 horas para manter assistência para quem já está em tratamento no Caps.

Público-alvo é para alcoólatras e usuários de outras drogas, moradores de Florianópolis.

Unidade também terá, agora, um Caps no mesmo espaço. Foto: Caio Silva/Agência RBS

LINHA DO TEMPO

AGOSTO DE 2010: INÍCIO DA OBRA

JULHO DE 2011: PRIMEIRA PREVISÃO DE ENTREGA, MAS NEM MESMO AS FUNDAÇÕES HAVIAM SIDO FEITAS. SECRETARIA DE SAÚDE DECLAROU NA ÉPOCA TER ENCONTRADO ALGUNS PROBLEMAS NO TERRENO E PRECISOU ALTERAR O PROJETO.

FEVEREIRO DE 2012: SECRETARIA DE SAÚDE DISSE QUE PRECISOU DE AUTORIZAÇÃO DO TRIBUNAL DE CONTAS PARA MUDAR O PROJETO, E PRAZO FOI NOVAMENTE PRORROGADO.

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JUNHO DE 2012: NOVO PRAZO DE PREVISÃO DE ENTREGA QUE NÃO FOI CUMPRIDO.

AGOSTO DE 2014: A REPORTAGEM VOLTOU A UPA, QUE ESTAVA COM AS OBRAS PARADAS. POR E-MAIL, A SES INFORMOU NA OCASIÃO QUE HOUVE UM ATRASO NA PRORROGAÇÃO COM A EMPRESA QUE EXECUTAVA A OBRA, E GARANTIU QUE SERIA ENTREGUE EM DEZEMBRO DE 2014.