“Ela vale por 13 homens”. A afirmação do comandante do Batalhão de Policiamento de Choque da Polícia Militar, tenete-coronel Newton Ramlow, define a soldado Andreza Barbosa, 32 anos. Ela é a única mulher da equipe de 30 soldados do grupamento.

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Na apresentação oficial da equipe, na manhã desta quinta-feira, o olhar sério e a posição rígida demonstravam o orgulho em estar num grupo que, para participar, é preciso ter vocação e amor pela farda. Mas ela sabe do desafio e sua proposta é a total dedicação.

– É uma evolução. Principalmente na minha carreira – admite a policial.

O pai, pioneiro em Santa Catarina em operações de choque, é um dos que mais incentivou a soldado. Atualmente, o subtenente Barboza está na reserva.

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A escolha pelo Batalhão de Choque foi por sempre atuar na área operacional. Ela ingressou em 2004 na PM. Estava lotada no 4º Batalhão, em Florianópolis. Esteve em conflitos sérios e trocou tiros com traficantes, principalmente nos morros de Florianópolis:

– Medo todos devem ter. Apenas temos que ter a dosagem certa para não ultrapassar os nossos limites. Esta conquista é uma realização pessoal e irei abraçar de corpo e alma. Estou devidamente preparada.

Um dos atendimentos marcantes na carreira de Andreza foi fazer um parto dentro da viatura:

– Fomos acionados por estarmos mais perto do local. Quando a mulher chegou na viatura não deu tempo. A criança nasceu e, como mãe e mulher, fiquei marcada.

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Para ela, a premissa do sexo frágil foi extinta. No batalhão, todo policial é igual. Não existe a diferença entre homem e mulher nos exercícios físicos e no treinamento tático.

– Temos apenas o respeito pelo limite de cada ser humano – diz.

No braço direito, a tatuagem em inglês believe (acreditar) demonstra a determinação da mãe de uma menina de 12 anos.

– Ela trabalhou cinco anos comigo no 4º BPM. Dá inveja para qualquer policial. Altamente treinada e preparara para assumir a bronca – admite o tenente-coronel Newton Ramlow.

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Equipe vai agir em situações extremas

Atuar em grandes manifestações, patrulhamento de áreas de risco, estabelecimentos prisionais, distúrbio civil, manifestação e reintegração de posse são algumas das atribuições dos 30 homens do batalhão. Nesta semana, eles já atuaram no protesto feito por moradores do Morro do Mocotó, no Centro da Capital. O grupo vai atuar, especialmente, na Grande Florianópolis.

Na tarde desta quinta-feira foram entregues pelo comandante-geral da Polícia Militar, Nazareno Marcineiro, coletes à prova de bala, pistolas, espingardas e munição química ao grupo. Todos estão preparados para atuar. Fazem um curso de 240 horas para policiamento especializado em controle de distúrbio civis.

– Já possuem o conhecimento acadêmico. Agora vamos nivelar o que eles sabem para criar um padrão. O policial do choque deve ter disciplina, técnica e educação. Em toda a abordagem iremos ganhar um amigo ou um criminoso – explica o capitão Maurício Silveira.

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Proposta de base no Morro da Cruz

Por enquanto, eles ficarão no centro de ensino da academia militar. A intenção do comando é se instalar no Maciço do Morro da Cruz, local estratégico para as operações.