A União Africana (UA) desistiu neste domingo de enviar uma força de paz para o Burundi, que está mergulhado em uma grave crise política, pela relutância dos chefes de Estado africanos e pela total oposição do governo do Burundi.

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“Discutimos exaustivamente. Falamos demais, escrevemos demais, mas não atuamos o suficiente e, às vezes, nem atuamos”, lamentou o presidente do Chade, Idriss Deby, que no sábado se tornou o novo presidente em exercício da organização pan-africana.

Os chefes de Estado reunidos neste fim de semana na Etiópia para a 26ª cúpula da UE, finalmente optaram por privilegiar o diálogo com o governo do Burundi e adiaram a convocação de uma “missão de estabilização”, que teria cerca de 5.000 homens.

O objetivo desta missão seria parar a onda de violência no Burundi, que já fez 400 mortos e 230.00 deslocados. A comunidade internacional teme massacres em grande escala ou mesmo um genocídio. Este pequeno país da região dos Grandes Lagos já experimentou uma guerra civil entre 1993 e 2006, que deixou 300 mil mortos.

Os chefes de Estado da UA não quiseram criar um precedente – enviar uma força militar a um país sem a sua aprovação – e decidiu enviar uma “delegação de alto nível” para discutir com o governo do Burundi sobre o possível envio de uma missão.

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“Se o Burundi aceitar, será uma força para desarmar as milícias, proteger os civis em cooperação com as forças policiais locais e facilitar o trabalho dos observadores dos direitos humanos”, afirmou o comissário da UA para a paz e a segurança, Smail Chergui.

Contudo, o ministro das Relações Exteriores do Burundi, Alain Aimé Nyamitwe, expressou reticências em aceitar uma missão no futuro.

O presidente do Burundi, Pierre Nkurunziza, que não participa na cúpula de Adis Abeba, já havia assegurado que iria “combater” a missão da UA.

* AFP