A decisão do piloto do voo 00048 da TAP, que faria a rota Porto Alegre-Liboa na noite de quinta-feira, em abortar a decolagem quando o avião já havia iniciado a corrida para deixar o solo é considerada acertada pelo professor do curso de Ciências Aeronáuticas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Cláudio Roberto Scherer. A empresa informou que houve perda de força em um dos motores da aeronave.
Continua depois da publicidade
> “Achei aquela corrida longa demais”, recorda passageira
– Toda máquina está sujeita a imperfeições, por mais que se faça revisões periódicas. Há diversos materiais que estão expostos a temperaturas extremas e isso acontece. O importante é que tudo esteja preparado para dar a resposta ao piloto quando ocorrer. Uma rejeição de decolagem é o que mais se treina em simuladores – reforça o professor, que é instrutor de simulador.
Conforme Scherer, o que motivou o piloto a frear o avião foi a “velocidade de decisão”, ou seja, o indicativo de que a aeronave andava na pista com intensidade suficiente para que os freios fossem acionados sem que ocorresse qualquer incidente até o fim do deslocamento. Caso a velocidade de decisão já estivesse ultraprassada para parar o avião, ele poderia ter decolado, explica o especialista, mesmo com um motor a menos.
– Aeronaves de transporte de passageiros já são previstas para que voem com metade da potência, ou seja, com um dos motores sem funcionar. Se isso ocorresse no ar, poderia haver uma queda de altitude e, após atingir uma altura de segurança, o piloto decidiria se regressaria ou pousava em outro aeroporto. É a maneira natural de agir – explica Scherer.
Continua depois da publicidade
A velocidade de decisão depende da extensão da pista. Um Airbus A330 como o utilizado na quinta-feira necessitaria estar a cerca de 300 km/h para sair do chão do Salgado Filho, estima o professor. O aviso do problema no motor pode ter aparecido no painel da cabine de comando como uma luz de alerta.
– O piloto está sempre preparado para agir como um raio, ou uma cobra para dar o bote. Tem um olho na pista e outro nos dispositivos. Foi uma decisão acertada. Não existe nada diferente do que poderia ter sido feito – encerra o especialista.