Um ser humano em cada sete é vítima da desnutrição, informa o diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) em um relatório preparatório para a cúpula sobre Desenvolvimento Sustentável, a ser realizada de 20 a 22 de junho no Rio de Janeiro.
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– O desenvolvimento não pode ser descrito como sustentável enquanto esta situação persistir, onde quase uma em cada sete pessoas é deixada para trás, vítima de desnutrição – declarou o brasileiro José Graziano da Silva a respeito do documento preparado para a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável Rio+20.
– A cúpula do Rio nos oferece uma oportunidade única para examinar a convergência entre os programas de segurança alimentar e de sustentabilidade para garantir a realização destes objetivos – acrescentou.
O relatório, com o título “Rumo ao futuro que queremos: acabar com a fome e realizar a transição para uma agricultura sustentável e sistemas alimentares duráveis”, exorta os governos a incorporar em seus programas incentivos para o consumo e produção sustentável; promover o bom funcionamento e a equidade dos mercados agrícolas e alimentares e investir recursos públicos em inovação e infraestrutura. Segundo o relatório, 75% dos pobres e daqueles que sofrem de fome no mundo vivem em áreas rurais, e a maioria deles depende da agricultura e atividades relacionadas para viver. Além disso, 40% das terras degradadas no mundo estão em áreas afetadas por altas taxas de pobreza.
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– A fome põe em movimento um ciclo vicioso de declínio da produtividade, aumento da pobreza, retardo do desenvolvimento econômico e degradação dos recursos – explica o relatório.
Desperdício de alimentos
Segundo a FAO, os sistemas de produção e consumo de alimentos devem conseguir “mais com menos”:
– Temos de passar para dietas nutritivas com uma pegada ecológica menor, e reduzir perdas e desperdícios de alimentos em todo o setor alimentício.
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A FAO estima que o desperdício de alimentos no mundo alcança 1,3 bilhão de toneladas por ano, o equivalente a mais de 10% das calorias globais. Em termos de produção, é necessário considerar o empobrecimento e esgotamento do solo, água e nutrientes, as emissões de gases de efeito estufa, poluição e degradação dos ecossistemas naturais, ressalta o relatório. A pecuária sozinha utiliza 80% das terras cultivadas, as pastagens e a agricultura são responsáveis por cerca de 30% das emissões totais de gases do efeito estufa.
A conferência Rio+20 ocorre 40 anos após a Conferência de Estocolmo sobre o Meio Ambiente, em 1972, 20 anos depois da Conferência Internacional sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, em 1992, e 10 anos após a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável em Johannesburgo, em 2002. Os objetivos e temas da Conferência Rio+20 foram estabelecidos por uma resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas, adotada em 9 de dezembro de 2009, e tem como fim principal a renovação do compromisso político com o desenvolvimento sustentável.