A falta de sono é uma realidade para muitas pessoas e, embora pareça inofensiva a curto prazo, a ciência já mostra que ela pode trazer consequências catastróficas. Uma delas, e talvez a mais surpreendente, é o impacto direto no risco de desenvolver o mal de Alzheimer.

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Essa doença, sem cura e que atinge principalmente a população mais idosa, tem sua origem ligada a processos que ocorrem ao longo da vida. E um dos mais fundamentais, para o bem ou para o mal, é a qualidade do nosso sono diário.

O sistema de limpeza cerebral que atua à noite

A chave para entender essa conexão está em um sistema descoberto recentemente, chamado sistema glinfático. Atuando como um sistema linfático específico para o cérebro, sua função é drenar e eliminar resíduos e proteínas que podem se acumular e causar danos às células cerebrais.

Descoberta em 2012 pela neurocientista Maiken Nedergaard, essa rede vascular é responsável por remover substâncias prejudiciais, incluindo a proteína beta-amiloide, que é um resíduo natural dos processos cerebrais. Quando a beta-amiloide não é devidamente eliminada, ela se agrupa em placas, causando disfunção neurológica.

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A formação dessas placas é uma das principais características do mal de Alzheimer. Um estudo publicado por pesquisadores da Universidade Macquarie, na Austrália, reforça a hipótese de que a disfunção do sistema glinfático está diretamente ligada ao surgimento dessa doença neurodegenerativa.

A importância do sono profundo para a saúde do cérebro

O processo de limpeza do sistema nervoso central, com a drenagem das proteínas beta-amiloides pelo sistema glinfático, ocorre principalmente durante o sono profundo. É nesse estágio que a atividade do sistema glinfático se intensifica, garantindo a remoção eficaz dos resíduos.

A prova disso vem de outro estudo, citado pelos pesquisadores australianos, que mostrou resultados alarmantes. Apenas uma noite de privação de sono foi suficiente para aumentar de forma significativa o nível da proteína beta-amiloide no cérebro dos participantes. Os dados foram publicados na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.

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Isso sugere que não dormir bem não é apenas um incômodo, mas um fator de risco real e imediato para a saúde cerebral. A privação do sono prejudica o processo de limpeza e aumenta o acúmulo de substâncias tóxicas, que podem levar a doenças como o Alzheimer.

O exame simples que pode antecipar o diagnóstico do Alzheimer

O que os próximos passos revelam

Embora a relação entre sono e Alzheimer já esteja bem estabelecida, os pesquisadores querem aprofundar o conhecimento sobre o sistema glinfático. Uma das questões pendentes é entender os efeitos da privação de sono contínua, em vez de uma única noite.

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Outra linha de pesquisa busca entender se o uso de medicamentos para insônia pode auxiliar no processo de limpeza cerebral, ou se esses remédios não afetam a atuação do sistema glinfático. Os estudos futuros prometem fornecer respostas mais detalhadas.

A mensagem, no entanto, é clara. Priorizar uma boa noite de sono é essencial para a saúde do seu cérebro e pode ser uma das estratégias mais eficazes para a prevenção do Alzheimer. Não despreze as noites de sono e jamais fique sem dormir, alertam os cientistas.

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