O cenário de violência contra a mulher em Santa Catarina teve um aumento significativo em 2022. Pelo menos uma mulher foi morta por semana vítima de feminicídio no Estado, de janeiro a julho. Ao todo, 31 assassinatos contra o gênero feminino foram registrados, número que representa um aumento de 34,7% na comparação com o mesmo período do ano passado. 

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Os dados foram solicitados pelo Diário Catarinense via Lei de Acesso à Informação (LAI). A média mensal de mortes é de quatro ocorrências. O que significa que a cada mês, quatro famílias ficam enlutadas após uma mulher perder a vida vítima de feminicídio.

Os números são iguais aos dados de 2020, quando no mesmo período houve um grande aumento de casos devido ao início da pandemia e ao isolamento social. Na época, também de janeiro a julho, 31 mulheres foram assassinadas por homens em uma relação afetiva.

De acordo com Tammy Fortunato, especialista em violência contra a mulher no Estado, o número está “voltando” para a média semestral já conhecida nos anos anteriores ao período pandêmico. 

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— É uma realidade já pré-existente, o que esses números nos mostram é que as políticas públicas estão sendo ineficazes. Essa média deveria diminuir e agora tudo está se encaminhando para que a gente finalize os dados na mesma linha dos últimos anos — afirma.

A delegada e diretora da Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente, Mulher e Idoso (Dpcami) em Santa Catarina afirma que a lei prevê formas eficazes de prevenção e o Estado possui instituições que efetuam importantes trabalhos no amparo, na investigação e na proteção das mulheres vítimas, mas que poucas delas denunciam a violência antes do crime consumado. 

— A grande dificuldade em se prever este crime e trabalhar na sua resolução está, em muitas das vezes, na não percepção da situação de risco da mulher. A lei prevê formas eficazes de prevenção, mas ainda é muito pouco o número de mulheres que chegam a procurar ajuda e denunciam os agressores — afirma.

Santa Catarina é considerado um dos Estados mais seguros para se viver no país. Apesar disso, o número de feminicídios desde 2015 se mantém próximo dos 30 nos primeiros seis meses do ano. Com exceção de 2021, quando 23 mortes foram registradas.

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Os dados anuais também mantém uma média nos últimos anos, com registros perto das 50 mortes.

Medidas protetivas

O medo do feminicídio levou 61 mulheres a pedirem medidas protetivas de urgência diariamente este ano no Estado. O total de pedidos chega a 12.962 dentro do período analisado, janeiro a julho. 

O número representa 65,7% das medidas protetivas solicitadas em todo o ano de 2021. 

Mulheres vítimas de feminicídio em SC têm em média 36 anos

Segundo a delegada e diretora da Dpcami, Patrícia Zimmermann, a morte de mulheres vítimas de feminicídio pode ser evitado quando a violência anterior é interrompida a partir da denúncia ou do registro de um boletim de ocorrência.

— Quando temos a intervenção do Estado já nos primeiros casos, que chamamos de crimes de entrada, conseguimos ver a diminuição das estatísticas de feminicídio. Isso está claro — afirma.

*Com colaboração de Caroline Borges

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