A Eletrobras tem uma história que merece e deve ser respeitada. Mas as decisões estratégicas de participar de grandes projetos a levaram a um nível de endividamento nunca antes experimentado, de R$ 45 bilhões.

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A decisão do governo federal de desestatizar a Eletrobras, anunciada em agosto, surpreendeu o mercado, mas é vista com bons olhos por especialistas. Uma corajosa medida para que a empresa volte a ter eficiência e saia da crise, com o seu controle acionário pulverizado.

A empresa tem 17 mil funcionários, 47 usinas hidrelétricas espalhadas pelo país, 114 termelétricas a gás natural, óleo e carvão, duas termonucleares, 69 usinas eólicas e uma usina solar, próprias ou em parcerias. Além da parte brasileira de Itaipu (Brasil-Paraguai), estão sob responsabilidade da estatal usinas como a Xingó (entre Alagoas e Sergipe), Belo Monte (PA), Jirau (RO) e Santo Antônio (RO) e as nucleares Angra 1 e Angra 2 (RJ).

Ao deixar de ter o controle acionário da União, a Eletrobras deixará de se submeter aos muitos controles da administração indireta, ao processo ultrapassado da Lei 8.666/93, a Lei de Licitações e Contratos. Evidente que esses controles se mostraram inócuos ao combate à corrupção e na salvaguarda do interesse público, assim como em quase todas as estatais.

Com o controle acionário diluído, os acionistas poderão agrupar-se para indicar uma gestão mais profissional, distante da ingerência partidária a que hoje é submetida. Muito mais, os empregados finalmente experimentarão uma administração presente, sem descontinuidades, que valorizará o mérito e a dedicação.

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A estimativa preliminar é de que sejam arrecadados R$ 20 bilhões com a privatização. Esta é, sem dúvida, uma excelente notícia para nós brasileiros, pois ficaremos livres de pagar para salvar a Eletrobras e subsidiárias, como tem sido comum ao longo dos anos. E muito mais: de deficitária ela passará a ser mais competitiva e crescerá organicamente, contribuindo para a modicidade tarifária da energia com os ganhos de eficiência que passará a ter. Há, sim, uma luz no fim do túnel para a Eletrobras.

*Gerson Pedro Berti é coordenador do Programa SC+Energia

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